O português Carlos Sá encontrou um novo desafio na Jungle Marathon, corrida que decorre na selva amazónica, e, a partir de domingo, vai partir à aventura rumo ao desconhecido.

“Sou um atleta acostumado a correr em alta montanha, trails. Depois tenho provas em distâncias em estrada, como é o caso da Badwater. Fiz uma primeira participação na Costa Rica, num cenário muito idêntico, mas esta prova é a prova rainha nas corridas em selva. As expetativas não são elevadas, vou um bocadinho à descoberta, à aventura”, afirmou Carlos Sá, em declarações à agência Lusa.

Na sua primeira participação na Jungle Marathon, que percorre a floresta da Amazónia, Carlos Sá confessou que vai “um bocadinho sem perceber” o que lhe vai acontecer.

“Estamos a falar de um terreno em que não faço ideia do que me vai aparecer pela frente. Sei que tem muitos charcos de água, muitos rios para atravessar. A possibilidade de encontrar toda a bicharada e mais alguma. Já fiz o ciclo todo de vacinação para me proteger. Temos de dormir pendurados numa rede — ou tentar descansar, porque dormir vai ser difícil — atada às árvores, por causa dos insetos e dos bichos rastejantes”, enumerou.

O ultramaratonista salientou que, depois de falar com atletas brasileiros, vai com a certeza que se não for atacado pelo chão, vai ser atacado pelo ar, porque tem de levar na mochila alimentação para uma semana e o cheiro pode atrair animais.

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A Jungle Marathon, classificada pela CNN como a “mais dura corrida de resistência do mundo”, e que se distingue das demais por decorrer debaixo de temperaturas de 40 graus, em condições de humidade de 99 por cento, muitas vezes na escuridão provocada pela densidade da vegetação, divide-se em seis etapas, que perfazem 254 quilómetros.

Sá confia que pode encurtar o número de etapas, tendo um dia extra para descansar, mas contabiliza sete dias na selva, um deles para aclimatização, um período que, assumiu, não será suficiente para se adaptar.

“Acabei por não conseguir ir mais cedo para o Brasil. Estive este fim de semana a organizar o Grande Prémio da Serra de Arga. Esta prova não vem calhar na melhor altura, porque tenho um desgaste bastante grande”, reconheceu, resumindo o seu ano como “frenético” e indicando que depois da prova brasileira vai descansar.

No entanto, o ultramaratonista salientou que são novos desafios como este que o motivam a continuar a treinar.

“Quando vou participar nessas provas [Maratona das Areias e Ultra Trail do Monte Blanco], nada é novidade. Nestes desafios novos, em que vou aventurar-me no desconhecido, encontro motivação para treinar todos os dias”, concluiu.