O presidente da Câmara Municipal de Lisboa anunciou na tarde desta terça-feira a criação de uma equipa de missão que ponha em prática o plano geral de drenagem para a cidade, mas avisou que “há riscos inerentes à vida na cidade” e que tal plano “permitirá minorar o impacto” das chuvas fortes, mas “não evitará” as inundações como as que ocorreram na segunda-feira.

No debate sobre o estado da cidade na Assembleia Municipal, Costa recusou que as inundações tenham resultado “de falta de limpeza de sarjetas” ou de “um colapso do sistema”. “Temos de ter a humildade de perceber que o ser humano não tem capacidade para controlar tudo”, disse, ainda cá fora, aos jornalistas. Já na reunião, enfatizou a ideia: “Não vale a pena depositar um excesso de confiança” na “capacidade humana” para fazer face à Natureza.

A câmara tentará, anunciou o presidente, “avançar com o plano geral de drenagem”, recorrendo à candidatura ao fundo de coesão que permita financiá-lo. “O plano de drenagem não faz desaparecer estas situações. A solução não existe”, ressalvou. Neste momento, as negociações entre a autarquia e a EPAL para a aquisição da rede de saneamento do município por parte desta empresa encontram-se suspensas, afirmou Costa, referindo que essa suspensão se deveu a um pedido expresso das Águas de Portugal para que as negociações fossem adiadas por seis meses.

A aquisição da rede de saneamento de Lisboa pela EPAL permitira pôr em prática o plano geral de drenagem, que, lembrou o autarca, tem um prazo de execução de 20 anos e um custo estimado de 160 milhões de euros.

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PSD quer a aplicação do plano de drenagem

“Não é verdade. Se não pode ser eliminado o risco, este pode ser, e muito, diminuído.” Quem o diz é António Prôa, vereador do PSD na câmara de Lisboa, que acusa Costa de saber disso e nada ter feito até hoje. “Não podendo eliminar o risco de inundações em absoluto, o plano de drenagem pode resolver o problema a muita gente. E isso basta para que seja indesculpável que a CML tenha adiado até hoje a respetiva concretização”, acusa Prôa, para quem o autarca de Lisboa só agora anuncia a concretização de tal plano por “ser insuportável adiar por mais tempo”.

Também os deputados da oposição da assembleia municipal trouxeram as inundações ao debate. “Verificamos o estado da cidade em episódios semelhantes aos de ontem [segunda-feira]”, disse Sérgio Azevedo, deputado do PSD, que apelou a um “investimento urgente” nas estruturas de águas pluviais da cidade.