O PS nega para já falar com o Governo sobre a solução para a descida da sobretaxa de IRS em 2016 apresentada pelo Governo. Os socialistas dizem que a proposta do Executivo é “audaz do ponto de vista da imaginação”, mas que o PS não pode negociar sobre uma coisa que ainda não conhece até porque o próximo Governo tem de ter “margem de manobra”.

À saída da reunião com a ministra das Finanças, em que Maria Luís Albuquerque apresentou as linhas gerais do Orçamento do Estado para 2015, Eduardo Ferro Rodrigues, líder parlamentar do PS, ironizou com a proposta do Governo de acordar com o PS uma descida futura dos impostos desde que esta fosse compensada pelo aumento da receita fiscal.

“Esta inovação de criar regras em que há um governo que cobra impostos e depois há um futuro governo que devolve dinheiro aos contribuintes pode ser muito audaz do ponto de vista da imaginação, mas naquilo que se passa é que o próximo Governo seja qual for tem de ter toda a margem de manobra para construir o seu próprio orçamento e para avançar com uma nova política económica”, disse o deputado e ex-líder do PS.

Mais tarde, quando questionado novamente sobre a possibilidade de consenso, Ferro lembrou que “a menos de um ano de eleições este Governo venha pedir apoio ao PS praticamente em tudo”. E insistiu que o próximo Governo “não pode estar condicionado no conjunto da elaboração do orçamento”.

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A proposta para a reforma do IRS será ainda discutida em Conselho de Ministros, estará fora do Orçamento do Estado e o PS escudou-se nessa questão para apenas garantir que quando a proposta chegar ao Parlamento, o PS agirá como os outros partidos: “Não queiram que nos antecipemos ao Conselho de Ministros. Bem sei que às vezes valia a pena porque são muitas horas de debate”, ironizou Ferro Rodrigues.

Certo será o voto do PS contra o Orçamento do Estado para 2015. Quando questionado se iria votar contra, Ferro respondeu: “Sim, parece-me que muito dificilmente acontecerá o contrário”.

Maria Luís Albuquerque admitiu hoje nas reuniões com os partidos um resvalar do défice de 2,5% para 2,7% o que, no entender de Ferro Rodrigues, só quer dizer que “não tem outro remédio senão ainda tinha de fazer mais cortes na despesa ou aumentar mais impostos”.