Não se trata de dinheiro ou diferenças de género. A culpa é do clima, diz a FIFA. Jérôme Valcke, secretário-geral da entidade que gere o futebol internacional, justificou que o Mundial de futebol feminino, a realizar no próximo ano, no Canadá, será jogador em cima de campos com relva artificial devido “às condições naturais” do país anfitrião — algo contra o qual dezenas de jogadoras já protestaram.

Um grupo de futebolistas — entre as quais a atual futebolista do ano da FIFA, a alemã Nadine Angerer, a norte-americana Abby Wambach, Bola de Ouro em 2012, assim como internacionais de Austrália, Brasil, França, Japão, México, Coreia do Sul e Espanha – apresentaram a 3 de outubro uma queixa contra a FIFA, na justiça canadiana, por discriminação devido à possibilidade de os jogos do Mundial feminino se disputarem em relvados artificiais.

Jérôme Valcke, porém, frisou que “não é uma questão de dinheiro, nem de diferenças entre as competições masculinas e femininas, é uma questão das condições naturais” do Canadá. “Queremos garantir as melhores condições de jogo às 24 seleções durante a competição, tanto nos estádios oficiais como nos de treino”, afirmou.

A queixa apresentada pelas futebolistas na organização dos Direitos Humanos de Ontário contra a FIFA e a Associação de Futebol do Canadá alega que os encontros dos Mundiais masculinos são sempre disputados em relva, pelo que concluem que uma existe uma violação contra os direitos humanos instituídos no Canadá.

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Numa entrevista ao site oficial da FIFA, Valcke explicou que a federação canadiana de futebol propôs que o Mundial se jogasse em relva artificial, uma vez que a maioria das infraestruturas desportivas do país têm este material instalado, devido ao clima extremo do Canadá que torna muito difícil garantir relva natural em boas condições.

As jogadoras defendem que a FIFA e a federação canadiana querem que estas joguem numa superfície de “segunda classe”, o que alteraria “fundamentalmente” a sua forma de jogar e aumentaria as hipóteses de lesão, ao mesmo tempo de desvalorizaria a sua dignidade.

“Em princípios de outubro, os nossos peritos fizeram uma inspeção a todos os locais do torneio para fazer recomendações ao comité organizador e garantir a qualidade exigida. O relatório estará terminado dentro de pouco tempo e vamos colocá-lo à disposição das seleções e da imprensa”, garantiu Valcke.