O Commerzbank afirma que “enquanto França e Alemanha sofrem uma letargia ao nível das reformas, países como Portugal estão a mostrar qual é caminho”. Numa análise ao relatório “Doing Business” do Banco Mundial, o banco alemão diz que Portugal é o país “que mais melhorou a qualidade enquanto local para fazer negócios, entre os países da ‘periferia’, desde 2009”.
Em nota de análise enviada aos investidores clientes do banco alemão, a que o Observador teve acesso, o economista Marco Wagner teve grandes elogios aos “progressos particularmente rápidos em termos de abrir uma empresa e lidar com autorizações de construção”. Esse fator, diz o economista, terá contribuído para que Portugal tenha subido para o terço superior no “ranking” dos melhores locais para a atividade empresarial.
“Menos passos processuais, aprovações mais rápidas e custos mais baixos estão a tornar mais fácil para os empresários abrir um negócio e obter autorizações de construção”, escreve o Commerzbank. “Passou a ser possível abrir uma empresa em apenas três passos processuais e nuns impressionantes dois dias e meio”, diz o Commerzbank, salientando que este é “um tempo recorde entre os países da União Europeia”.
Por outro lado, “o registo de propriedades tornou-se menos burocrático e mais barato”, assinala Marco Wagner. “Leva menos tempo preencher declarações fiscais e a carga fiscal é um pouco mais baixa”, nota o economista.
Nota, ainda, para a vantagem de que “podem importar-se ou exportar-se bens um ou dois dias mais rapidamente”. E “ainda que os custos de carga para as exportações através de contentores tenham subido em quase 100 dólares norte-americanos, para 780 dólares, este custo ainda é mais baixo do que na maioria dos outros países europeus”.
O banco alemão remata dizendo que “estas condições devem ajudar a aumentar o investimento e a recuperação económica deverá continuar, com taxas de crescimento de 1,5% em 2015 e quase 2% em 2016”.
Portugal fica bem no quadro geral na Europa, diz o Commerzbank. O banco alemão elogia também os “bons progressos” feitos em Espanha e salienta que a Irlanda “continua na liderança” e continua a ser “um local muito atrativo para a atividade empresarial”. Já Itália e Grécia “continuam a ser locais pouco atrativos apesar das reformas realizadas”. França também teve algumas melhorias, mas “as reformas têm sido demasiado fracas” e a Alemanha “está a cortar o ramo da árvore em que está sentada”.
Esta não é a primeira vez este ano que o Commerzbank tece grandes elogios a Portugal. Em nota divulgada em janeiro, citada pelo Jornal de Negócios, o banco alemão dizia que Portugal era “o milagre económico da Península Ibérica”. “A economia portuguesa tem crescido de forma notável desde a primavera e o mercado de trabalho conseguiu dar a volta”, dizia o banco em janeiro, acrescentando que “a recuperação deverá continuar, suportada pela melhor competitividade e a atividade mais robusta nos mercados de exportação”.