A presidente da Administração do Porto de Lisboa (APL) considerou, esta quarta-feira, que o Barreiro apresenta “do ponto de vista ambiental e do ponto de vista do impacto económico uma localização privilegiadíssima” para o novo terminal de contentores.
Em declarações à agência Lusa, Marina Ferreira afirmou que “o Barreiro é de facto uma localização privilegiadíssima do ponto de vista nacional”.
“No entanto, será sujeito a debate público, irá ser sujeito as avaliações mais rigorosas possíveis”, precisou.
“Depois de tudo o que temos passado neste país, não seria justo lançar um concurso público para um investimento que não fosse verdadeiramente necessário”, admitiu a responsável.
De acordo com a presidente da APL, a localização do Barreiro para o novo terminal de contentores de Lisboa “poderá ter uma capacidade de cerca de 90 hectares e que irá estar perfeitamente integrado numa zona industrial e logística, que é operada pela Baía do Tejo, e que tem uma área para implementação de infraestruturas logísticas, industriais e tecnológicas de cerca de 250 hectares”.
A possível construção de um terminal de contentores no concelho do Barreiro “será uma mais-valia do ponto de vista da competitividade e emprego enorme para a região de Lisboa, porque empresas exportadoras que possam produzir os seus produtos e imediatamente embarcá-los para exportação sem ter que pagar qualquer custo adicional de transporte é uma vantagem competitiva muito significativa e que não existe outro sítio em Portugal onde se possa instalar”, considerou.
Em relação à possibilidade do novo terminal de contentores de Lisboa vir a ser localizado em Setúbal, a presidente da APL explicou: “O terminal, cuja possibilidade nós estamos a equacionar para o Barreiro, é um terminal completamente diferente dos terminais de Setúbal. Estamos a falar no Barreiro de um terminal equivalente ao de Alcântara que é completamente distinto dos terminais de Setúbal, por isso estamos convencidos que o lançamento e o desenvolvimento deste terminal, se vier a fazer-se, depois de verificados todos os requisitos ambientais, de investimento privado, de desenvolvimento económico e crescimento da região a ser feito irá também ter um potencial muito positivo no desenvolvimento do Porto de Setúbal”.
Marina Ferreira falou à agência Lusa antes da segunda sessão do ciclo de conferências “Viver Melhor em Lisboa” sobre mobilidade urbana e transportes, organizada pelo Lx Notícias, em Lisboa.
O presidente da Câmara do Barreiro, Carlos Humberto, assegurou à Lusa que vai lutar para que o terminal seja construído no Barreiro, na margem esquerda do Tejo.
“A única solução a ser estudada é o terminal de contentores no Barreiro, mesmo havendo opiniões diferentes, o que é normal numa matéria tão complexa. Estão a ser feitos estudos ambientais e assim que estiverem concluídos o Governo vai tomar uma decisão final. Penso que no início de 2015 haverá decisão”, disse o autarca do Barreiro.
A deslocalização do terminal de contentores do porto de Lisboa para o Barreiro já levou o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Matias Ramos, a colocar reservas a esta futura localização por ser necessária uma obra marítima que obriga a um grande volume de dragagens, e também o problema dos solos contaminados.
A Ordem dos Engenheiros também estranha que não estejam em estudo outras alternativas como Setúbal.
A estas dúvidas, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, afirmou que não há pedidos de novos operadores para o porto de Setúbal.