O até aqui presidente do Instituto de Registos e Notariado, António Figueiredo, terá alegado perigo de contraespionagem ao SIS, para pedir a este serviço de informação que fosse às suas instalações fazer despistagem de escutas. É essa a versão oficial que os serviços de informações têm passado nas últimas horas, apurou o Observador junto de duas fontes.
O Expresso relata na edição deste sábado que, nas operações da operação Labirinto, que investigou a atribuição de luvas a vários altos elementos do Estado pela atribuição de vistos Gold, os inspetores da PJ encontraram o atual diretor do SIS, Horácio Pinto, entrando com outros elementos do SIS no gabinete de António Figueiredo, no Campus da Justiça. A missão era ajudá-lo a verificar se estava sob escuta ou com o computador monitorizado. A pedido do próprio. Em março, segundo lembra o semanário, já tinham saído notícias dando conta de que poderia estar sob investigação.
Segundo apurou o Observador, a direção do SIS tem alegado imprecisões na informação pública, nomeadamente por ter entrado pela garagem do edifício, o que não permitiria a sua visualização à entrada. E tem-se mostrado tranquila quanto ao trabalho feito naquele dia, tendo em conta a colaboração regular com o IRN, instituto que colabora com os serviços dando documentação sobre identidades, em investigações que estejam em curso. Segundo apurou o Observador, é no IRN que estão as identidades alternativas – ou seja, falsas – dos espiões que têm de trabalhar sob disfarce de identidade.
O pedido do presidente do IRN apareceu, assim, como natural, tendo em conta a desconfiança alegada de que alguém estaria a usar as bases de dados do instituto com fins pouco legítimos.
Certo é que este tipo de ações tem sido contestado por vários especialistas, ouvidos pelos jornais. Sobretudo com o argumento de que cabe ao Ministério Público e à PJ fazer estas despistagens e não às secretas.
O Serviço de Informações de Segurança confirmou esta tarde ter feito “uma limpeza eletrónica”, a pedido do presidente desta entidade, “fora do horário de expediente”, justificando-o oficialmente à agência Lusa por manter “estreita colaboração institucional/operacional, em matérias de elevada sensibilidade, com o IRN”.
Segundo o secretário-geral do SIRP, a operação foi realizada por “três técnicos do SIS, fora do horário de expediente”, e acompanhada pelo presidente do IRN e pelo diretor do SIS. Trata-se, de acordo com o responsável do SIRP, de uma “operação frequente em muitas outras instituições do Estado”.