Desde 1934, quando Benjamin Graham e David Dodd escreveram o livro “Security Analysis”, que os investidores não tiram os olhos do rácio entre o preço e os lucros das ações. Ainda hoje é a métrica bolsista mais popular nas bolsas de valores. Todos os jornais económicos publicam este indicador para as principais ações do mundo, de modo a facilitar a vida aos investidores.
No livro, os professores da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, dizem que um rácio de 16 “é o máximo que pode ser pago na compra de um investimento em ações”. Mais tarde, em 1949, no livro “The Intelligent Investor”, Benjamin Graham calcula um indicador justo de 8,5 para as ações de uma empresa que não cresça. Em princípio, quanto mais baixo o price earnings ratio, mais barata está a ação. Rácios negativos são mau sinal, já que refletem prejuízos em vez de lucros.
Este rácio, normalmente conhecido por PER ou P/E, resulta, como o nome indica, da divisão da cotação de uma ação pelos lucros de 12 meses que lhe são atribuíveis. À cotação recente de 3,16 euros, os lucros por ação da EDP de 0,30 euros indicam que o P/E da maior cotada nacional é de 10,53, mostra a Reuters.
O P/E não deve ser analisado isoladamente nas decisões de investimento, porque ignora toda a realidade da empresa, como, por exemplo, o endividamento. Apesar disso, o Observador investigou quais as ações mais interessantes segundo esta métrica. Pode ser um bom ponto de partida para futuras adições à carteira de investimentos.
A pesquisa foi realizada usando essencialmente as ferramentas do Financial Times. Procurámos ações nos principais índices das dez bolsas mais acessíveis aos portugueses (Lisboa, Madrid, Paris, Amesterdão, Bruxelas, Frankfurt, Milão, Zurique, Londres e Nova Iorque). Filtrámos pelas empresas com P/E inferiores a dez, com valores de mercado superiores a dois mil milhões de euros e cujas ações tenham mais recomendações de compra do que de venda. Em cada setor, escolhemos a firma com o P/E mais baixo.
A lista não inclui sociedades portuguesas. Contudo, entre as principais cotadas nacionais, os CTT têm o P/E mais baixo: 2,74, segundo a Reuters.
3i Group
Preço 415,03 pence
P/E 7,62
Bolsa Londres
É uma empresa londrina de capital de risco que investe em empresas em nove países. A sua carteira de participações inclui, por exemplo, a espanhola Mémora, o grupo funerário que inclui a portuguesa Servilusa.
AIG
Preço 53,09 dólares
P/E 8,81
Bolsa Nova Iorque
O American International Group dedica-se ao setor segurador. Está presente em mais de 130 países, incluindo Portugal. Foi uma das empresas mais abaladas pela crise financeira iniciada em 2008.
British Land
Preço 733 pence
P/E 6,66
Bolsa Londres
É uma empresa que investe maioritariamente em imobiliário comercial no Reino Unido e em escritórios em Londres. No entanto, também diversifica a carteira na Europa. Controla, por exemplo, o maior centro comercial espanhol, em Saragoça.
CF Industries
Preço 266,11 dólares
P/E 9,73
Bolsa Nova Iorque
Esta companhia do Ilinóis, nos Estados Unidos da América, fabrica fertilizantes agrícolas. É o maior produtor norte-americano de fertilizantes à base de nitrogénio. Planeia crescer através de aquisições.
Delta Air Lines
Preço 43,75 dólares
P/E 3,81
Bolsa Nova Iorque
É a terceira maior companhia aérea do mundo. Tem a sua base no aeroporto de Atlanta, na Geórgia, nos Estados Unidos da América.
Valero Energy
Preço 49,51 dólares
P/E 6,95
Bolsa Nova Iorque
A Valero Energia é a maior refinadora de petróleo dos Estados Unidos da América. As suas 15 refinarias têm uma capacidade de 2,9 milhões de barris de petróleo por dia. Tem ainda 11 unidades de etanol e um parque eólico.
Vinci
Preço 43,58 euros
P/E 9,68
Bolsa Paris
É uma empresa francesa de concessões e construção com 191 mil funcionários distribuídos por uma centena de países. É a dona da ANA – Aeroportos de Portugal e é acionista da Lusoponte.
Vodafone
Preço 228,01 pence
P/E 5,46
Bolsa Londres
A Vodafone é a maior companhia de telecomunicações móveis fora da China. Tem mais de 430 milhões de clientes nos 26 países em que atua diretamente e nos 52 em que tem parcerias.
Volkswagen
Preço 168 euros
P/E 7,64
Bolsa Frankfurt
Além da marca homónima, a Volkswagen, que luta com a Toyota Motor pela primeira posição dos construtores automóveis, controla as marcas Audi, Bentley, Bugatti, Lamborghini, Porsche, Seat e Skoda. Também está no mercado de camiões e motociclos.
Yahoo!
Preço 51,75 dólares
P/E 6,80
Bolsa Nasdaq
O Yahoo! é uma empresa voltada para a Internet. Embora a companhia californiana gira um dos portais mais populares nos Estados Unidos da América, um dos seus maiores ativos é uma participação na chinesa Alibaba.
David Almas é analista financeiro independente registado na CMVM com o número oito. O autor trabalha subordinado ao Código Deontológico dos Jornalistas.