Acabou-se. Foram vinte e cinco anos de ténis. De pancadas, bolas na rede, de bancadas a serem montadas e desmontadas em redor de um campo pintado a pó de tijolo. O de terra batida que, desde 1990, punha uma escala do circuito de ténis mundial em Portugal e tentava seduzir os melhores tenistas do mundo. Para o ano, já não será assim. A Lagos Sports, empresa que sempre organizou a prova, comunicou esta terça-feira à Association of Tennis Professionals (ATP) que “não [reuniu] condições de poder assumir a organização do próximo Open”.
Palavra de João Lagos, presidente da entidade que, em comunicado, lamentou a perda do “maior projeto de vida”. Sem adiantar os motivos da perda de capacidades para acolher o evento, o empresário garantiu que foi com “infinita tristeza” que se viu “forçado” a tomar esta decisão. Uma que espera não infetar o ténis com a condição da qual a Fórmula 1 ainda hoje padece — “nunca mais regressou a Portugal.”
Assim, e pelo menos em 2015, o complexo desportivo de Oeiras já não receberá o torneio que aliciava os tenistas no arranque da época de terra batida do circuito mundial — a prova realizava-se por norma em abril, antes do Grand Slam de Roland Garros, em França, a competição-rainha entre as que se jogam no tipo de campo mais lento do ténis. Novak Djokovic (2007) e Roger Federer (2008), dois dos três monstros atuais da modalidade — o outro é Rafael Nadal –, por exemplo, chegaram a conquistar o Open português.
2014: Carlos Berloq (Argentina)
2013: Stanislas Wawrinka (Suíça)
2012: Juan Martin del Potro (Argentina)
2011: Juan Martin del Potro (Argentina)
2010: Albert Montañés (Espanha)
2009: Albet Montañés (Espanha)
2008: Roger Federer (Suíça)
2007: Novak Djokovic (Sérbia)
2006: David Nalbandian (Argentina)
2005: Gastón Gaudio (Argentina)
2004: Juan Ignacio Chela (Argentina)
2003: Nikolay Davydenko (Rússia)
2002: David Nalbandian (Argentina)
O sucesso, contudo, piscou mais vezes o olho a espanhóis: por 11 vezes um nuestro hermano venceu a prova portuguesa, com Carlos Costa (1992 e 1994) e Albert Montañés (2009 e 2010) a fazerem-no ambos em duas ocasiões. À semelhança dos argentinos David Nalbandian (2002 e 2006) e Juan Martin del Potro (2011 e 2012).
2001: Juan Carlos Ferrero (Espanha)
2000: Carlos Moyà (Espanha)
1999: Albert Costa (Espanha)
1998: Albert Berasategui (Espanha)
1997: Àlex Corretja (Espanha)
1996: Thomas Muster (Áustria)
1995: Thomas Muster (Áustria)
1994: Carlos Costa (Espanha)
1993: Andriy Medvedev (Ucrânia)
1992: Carlos Costa (Espanha)
1991: Sergi Bruguera (Espanha)
1990: Emilio Sánchez (Espanha)
João Lagos lembrou que, há semanas, prometera que “a emoção não se iria sobrepor à razão na hora de assumir a organização do Portugal Open 2015”. O empresário sublinhou que cumpriu de “forma abnegada, e muitas vezes só” a tarefa de, “ao longo de 25 anos”, organizar a prova. “Foi o mais longo encontro de ténis que joguei em toda a minha vida. Mas por mais winners que tenha assinado ao longo de 25 anos, e foram muitos, acabei por ceder exausto, mas só depois de deixar tudo em court”, reconheceu. Veremos quando voltará a pegar nesta raquete.