A cantora espanhola Isabel Pantoja, condenada em 2013 a dois anos de prisão por branqueamento de capitais, entrou hoje, às 8h00 locais (7h00 em Lisboa) na cadeia sevilhana de Alcalá de Guadaira, onde vai cumprir a sua pena.

Pantoja, que chegou à cadeia de mulheres, localizada a cerca de 20 quilómetros de Sevilha, procedente da sua “Quinta Cantora”, estava acompanhada pelo irmão, Agustin, e por um motorista. O momento suscitou uma forte atenção mediática, com dezenas de jornalistas concentrados no exterior da cadeia, onde foi montado um perímetro de segurança.

A entrada na cadeia ocorreu um dia depois da Audiência Provincial de Málaga rejeitar um ‘recurso de súplica’ de Isabel Pantoja, ordenando que se apresentasse na cadeia num prazo máximo de três dias. Os tribunais consideram que Pantoja permitiu o branqueamento de rendimentos ilícitos recebidos pelo seu antigo companheiro, o ex-alcaide de Marbella Julian Muñoz.

Além da condenação a uma pena de 24 meses de prisão, foi ainda imposta à cantora uma multa de um milhão de euros, pelos crimes de corrupção e branqueamento de capitais. Pantoja foi condenada no âmbito de um processo paralelo saído da mega investigação conhecida como ‘caso Malaya’, sobre a corrupção ao longo de décadas na região de Marbella.

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A rede de corrupção investigada no processo Malaya passou por três alcaides (presidentes de câmara) de Marbella, o falecido Jesus Gil, o seu sucessor, Julian Muñoz – um dos nomes que ainda hoje marca o ‘jet-set’ espanhol – e a sucessora deste, Marisol Yague.

Durante 14 anos, Juan Roca, conselheiro de urbanismo, controlou tudo no urbanismo de Marbella e com a sua queda arrastou 99 outras pessoas, incluindo dois alcaides e 19 vereadores, além de empresários e nomes sonantes da sociedade de Marbella.

O caso tornou-se um dos que mais interesse suscitou em Espanha nos últimos anos, com as investigações a demonstrarem a riqueza que os elementos da rede e, especialmente Roca, acumularam ao longo dos anos.

A investigação baseou-se, numa primeira fase, em documentos do próprio Roca, obtidos pela polícia, em que este detalhava todas as operações da complexa rede de empresas que geriu todo o esquema de corrupção.

Os documentos chegam a detalhar os subornos a membros da autarquia, os pagamentos a empresários e as ações levadas a cabo para branquear o capital, envolvendo uma rede de 71 empresas.

Estima-se que ao longo da sua operação a rede desviou e branqueou pelo menos 670 milhões de euros.

A rede funcionava, essencialmente, através de negócios com os principais empresários da zona, que compravam terrenos a preços muito abaixo dos de mercado ou obtinham licenças em zonas não definidas para construção de habitações.