Esta sexta-feira é dia de Black Friday – a ode ao consumo que o mundo está a importar dos Estados Unidos da América. Em Portugal, são várias as lojas que aderiram, em campanhas que duram um só dia ou que se estendem durante o fim de semana. A publicação norte-americana The Atlantic aproveitou a ocasião para lembrar um estudo de 2011 sobre como as compras podem deixar os consumidores felizes. A dúvida tem estado entre os especialistas: afinal, qual é a relação que existe entre o dinheiro e a felicidade?
Elizabeth Dunn, da Universidade de British Columbia, Daniel Gilbert, de Harvard, e Timothy Wilson, da Universidade de Virginia quiseram estudar o grau de felicidade que existe nas compras, porque acreditam que a maioria das pessoas não consegue identificar bem o que as faz feliz, o quão felizes podem ser e quanto tempo essa felicidade pode durar. No final, escreveram um paper, com oito regras, a que chamaram “Se o dinheiro não está a trazer-lhe felicidade, então é porque, provavelmente, não está a gastá-lo da maneira correta”.
No paper, fazem referência a vários estudos, que concluem que é verdade que o dinheiro pode comprar a felicidade, mas compra muito menos do que aquilo que as pessoas pensam. E questionam: se o dinheiro permite que as pessoas possam fazer o que lhes apetece, então porque é que estas não devem sentir prazer quando o gastam?
“Uma das respostas a esta questão é que as coisas que trazem felicidade não estão à venda. Este sentimento é amoroso, popular, e quase sempre errado. O dinheiro permite que as pessoas vivam mais tempo, tenham uma vida mais saudável, tenham menos preocupações, passem tempo de lazer com a família e amigos e controlem a natureza das atividades diárias – tudo coisas que são fontes de felicidade”, lê-se no paper.
Oito regras para ser mais feliz quando compra
1. Opte por comprar experiências. O truque está em consumir viagens, cultura, desportos radicais. Dizem os especialistas que as aventuras deixam marcas mais duradouras no cérebro do que uns sapatos ou uma peça de roupa nova. Segundo um artigo publicado no jornal Psychological Science, assinado por três académicos, a felicidade com este tipo de experiências acontece ainda antes do momento da compra, tal é a expectativa. Parece que esperar por uma experiência provoca mais felicidade e emoção do que esperar por um bem material.
2. Surpreenda os outros com presentes. Estudos comprovam que as pessoas se sentem mais felizes quando gastam dinheiro com os outros do que a comprar coisas para si. É preciso um motivo para surpreender quem mais gosta?
3. Prefira as pequenas coisas. Porque os pequenos prazeres provocam sempre sensações diferentes, evitam que as pessoas se habituem à sensação de ter uma coisa nova. Beber um copo com amigos no final de um dia de trabalho, por exemplo, é sempre uma experiência diferente. E vale mais do que uma grande compra.
4. Evite habituar-se mal. De acordo com alguns psicólogos, as pessoas tendem a adaptar-se às coisas boas, mas às más também. Por isso é que quando um telefone ou um eletrodoméstico se avaria, tendem a adiar o arranjo ou a compra de um equipamento noo – porque o cérebro vai encontrar forma de interpretar a avaria ou incidente de forma positiva. Não se habitue, crie anticorpos, para que quando algo correr mal, o sistema imunitário da mente possa emitir o alerta.
5. Compre agora, consuma depois. É como deixar o melhor para o fim, adiar o prazer. Além disso, a espera pode ajudar o consumidor a fazer escolhas mais orientadas para o futuro e prolonga o sentimento de satisfação.
6. Preste atenção aos detalhes. Dizem os especialistas que a felicidade não é determinada pelas grandes mudanças, mas pela quantidade de pequenas coisas que podem aborrecê-lo no dia a dia. Tenha isso em mente quando tiver de fazer uma escolha entre dois bens de consumo: qual é aquele que é mais suscetível de vir a trazer-lhe problemas? Evite-os.
7. Evite comparar lojas. Perder muito tempo à procura do melhor produto pode levá-lo a obcecar com coisas que, na verdade, não interessam e que o distanciam daquilo que realmente anda à procura. Evite pensar demasiado no que vai comprar. Os bons negócios nem sempre refletem as suas preferências.
8. Ouça a opinião dos outros. O truque está em tentar perceber qual é o feedback de quem já está a consumir o que queremos comprar. Para esta regra, os especialistas citam o autor do século XVII, François de La Rochefoucauld. “Antes de depositarmos os nossos corações numa coisa, devemos avaliar o quão felizes são aqueles que já a possuem.”