Os russos que repatriarem capitais para o país vão estar livres do pagamento de impostos e não terão de dar satisfações sobre a origem do dinheiro que tiverem em “offshores” mas que aceitem, agora, fazê-lo regressar à Rússia. É com uma “amnistia total” que Vladimir Putin quer conter a hemorragia de capitais que se tem acentuado nos últimos meses e que tem levado o valor do rublo russo para mínimos históricos. O presidente russo diz que quer “virar uma página” e combater o “ataque de especuladores” contra a divisa e a economia russas, ao mesmo tempo que compara os seus adversários a Adolf Hitler.
“Anuncio uma amnistia total para o capital que regresse à Rússia – repito, uma amnistia total. O que é que isso significa? As pessoas que legalizarem totalmente e trouxerem a totalidade do seu capital para a Rússia devem estar salvaguardadas de terem de ser arrastadas por várias agências governamentais, para provar onde obtiveram o dinheiro, e [devem também estar protegidas] da exposição associada a investigações criminais”.
“Temos de inverter a história de saída de capitais do nosso país, necessitamos de colocar um ponto final nesta era“, rematou Vladimir Putin no seu discurso anual de “Estado da Nação”, em Moscovo.
O Ministério da Economia russo estimou esta semana que a saída de capitais da Rússia irá atingir o equivalente a 100 mil milhões de euros em 2014, um movimento que deverá continuar – com quase a mesma intensidade – em 2015. A queda acentuada dos preços do petróleo, o risco de recessão e as tensões geopolíticas com a Ucrânia estão entre os fatores que têm levado a uma forte saída de capitais da Rússia ao longo deste ano.
Putin aconselhou os cidadãos a repatriar o dinheiro e recordou o colapso do sistema bancário em Chipre. Os empresários russos estão sujeitos a serem “roubados no estrangeiro, pelo que a melhor opção é regressar à Rússia“, asseverou o presidente russo. Insurgindo-se contra o “ataque de especuladores” no mercado cambial, Putin garantiu que “sabemos quem são estas pessoas e temos meios para as contrariar. É altura de o fazer“.
O presidente russo voltou, também, a defender a anexação da Crimeia e insurgiu-se contra quem o critica por esse facto. Os opositores vão ser combatidos da mesma forma que a Rússia combateu os Nazis na Segunda Grande Guerra, garantiu Putin. “Hitler, com as suas ideias de ódio à humanidade, ia destruir a Rússia e atirar-nos de volta para trás dos Montes Urais”. “Todos devem lembrar-se de como essa história terminou“, atirou o presidente russo.