Ricardo Salgado foi eleito pela BBC como o pior presidente executivo de 2014. Numa lista de cinco nomes, o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), que abandonou a liderança a 14 de julho pressionado pelo Banco de Portugal, deve a “distinção” ao facto de ter levado à falência o segundo maior banco privado de Portugal, segundo explica o site do órgão de comunicação britânico.

No texto que acompanha o ranking, a BBC recorda que a instituição financeira que foi alvo de resolução no início de agosto, registou prejuízos de 3,6 mil milhões de euros durante os primeiros seis meses deste ano, o que levou a uma necessidade de injeção de 4,9 mil milhões de euros no Novo Banco, onde foram concentrados os ativos considerados de boa qualidade, deixando aqueles que foram tidos como “tóxicos” no BES. A decisão acabou por deixar, potencialmente, os acionistas da instituição financeira, à qual foi retirada a licença para operar, na posse de títulos com valor praticamente igual a zero.

A BBC relembra que o BES era parcialmente detido pela holding Espírito Santo International (ESI), que controlava “dezenas” de negócios não financeiros que foram financiados pelos lucros da instituição financeira e por um complexo esquema de financiamento destinado a manter toda a estrutura de pé. A mesma fonte também refere o endividamento da holding Rioforte, situado em 2,9 mil milhões de euros contra ativos de 172 milhões de euros. A empresa entrou em processo de insolvência em outubro passado.

O artigo citado refere que o Grupo Espírito Santo (GES) tinha 250 membros da família em lugares de gestão e adianta que Ricardo Salgado, assim como outros elementos do clã, viviam como “reis” em propriedades de grande dimensão. E acrescenta que a expansão do endividamento da ESI, num ambiente económico “desafiante”, foi uma atuação de “má gestão”.

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Entre as más decisões tomadas por Ricardo Salgado no interior do BES e do GES, a BBC identifica financiamentos realizados fora do balanço da ESI e ocultados dos investidores, a valorização da participação da ESI no banco em 2,7 mil milhões de euros quando o valor de mercado era de 565 milhões, a garantia dada pela instituição financeira à petrolífera estatal da Venezuela no valor de 364 milhões de dólares em contrapartida pelo investimento em instrumentos de dívida feito por aquela empresa na ESI, contrariando instruções do banco central para não haver misturas entre o banco e os negócios familiares e sem que a operação tenha sido registada na respetiva contabilidade.

Dov Charney, da American Apparel, Philip Clarke, da Tesco, Eddie Lampert, da Sears Holdings, e Dick Costolo, da Twitter, são os companheiros de Ricardo Salgado na lista da BBC.

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