O surgimento da árvore de Natal parece estar ligado às crenças dos povos pagãos do norte da Europa, principalmente à celebração do Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano.

Para os antigos pagãos, o Solstício de Inverno era uma homenagem do homem à natureza adormecida. Na noite mais longa do ano, eram feitas ofertas aos deuses para que o sol voltasse depressa, e com ele a primavera. Mas apesar do frio e da neve, algumas árvores e plantas permaneciam verdes — como os abetos ou o azevinho — e eram um símbolo de esperança num inverno longo e rigoroso. Insensíveis ao frio, eram um testemunho de que o inverno acabaria por passar e que a natureza voltaria a nascer na primavera.

Perto do solstício, os antigos pagãos costumavam decorar as casas com ramagens dessas árvores e plantas, conhecidas por “evergreen” ou “sempre verde”. Era uma forma de trazer um pouco da natureza para dentro de casa. Em alguns países, acreditava-se que o “sempre verde” afastava os espíritos maus e as doenças. Alguns autores referem que o “sempre verde” era também usado pelos antigos egípcios, chineses e hebreus como símbolo da vida eterna.

Alguns autores referem que os nórdicos, nomeadamente os islandeses, costumavam plantar um abeto em frente à casa, que era depois decorado com velas e fitas coloridas. Os gauleses acreditavam que o deus Gargan deixava uma árvore verde durante todo o inverno, que simbolizava a vida. Na altura do solstício, tinham como costume decorar um abeto com tudo o que faltava durante o inverno — moedas, alimentos ou até brinquedos para as crianças.

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Durante vários séculos, o corte de árvores durante o Natal foi proibido por ser associado a costumes pagãos mas, apesar disso, a tradição nunca morreu. A partir do século XVI, começaram a surgir os primeiros decretos que permitiam o corte de árvores. O primeiro parece ter sido publicado na região da Alsácia, em Sélestat, onde em 1521 foi autorizado o corte de pequenos abetos para a festa de Natal. Em Estrasburgo, um édito semelhante foi publicado em 1539.

A tradição propagou-se rapidamente pela região da atual Alemanha, principalmente por intermédio de comerciantes. Na verdade, acredita-se que terá sido nessa mesma região que terão nascido muitas das tradições natalícias que persistem até aos dias de hoje. Para além de árvores decoradas, era também usual construírem-se pirâmides com troncos de madeira, que eram depois decoradas com “sempre verde” ou com velas.

Acredita-se que tenha sido Martinho Lutero, o reformista protestante do século XVI, a começar a tradição de colocar velas na árvore de Natal. Diz a história que, numa noite de inverno, enquanto passeava pela floresta, Martinho reparou num pequeno grupo de árvores. Os seus ramos, cobertos de neve, brilhavam ao luar. De modo a reproduzir a beleza do momento, colocou uma árvore dentro de casa e decorou-a com velas.

O costume foi-se tornando cada vez mais popular ao longo do século XVIII e no século XIX começou a ser adotado pela nobreza europeia. Em 1846, a rainha Vitória foi retratada no jornal Illustrated Londons News com os filhos perto de uma árvore de Natal. A popularidade da rainha ajudou a propagar a tradição, não só na Grã-Bretanha, mas também um pouco por todo o mundo.