A cidade norte-americana de Providence, Rhode Island, entrou com uma ação judicial contra a companhia brasileira Petrobras, reclamando uma indemnização devido às perdas a que vários investidores daquela cidade ficaram sujeitos depois de rebentar o escândalo de corrupção.

O município de Providence, que é capital do estado norte-americano de Rhode Island, alega que a Petrobras deixou passar informações falsas e enganosas sobre a companhia que terão inflacionado o valor da empresa. Quando o escândalo de corrupção rebentou, os investimentos da cidade caíram a pique, e é precisamente nessa base que a defesa sustenta a sua argumentação.

Segundo a Folha de São Paulo, as aplicações dos investidores de Providence incluiram obrigações e recibos de ações negociados nos EUA, que terão sido adquiridos entre janeiro de 2010 e final de novembro deste ano. A Petrobras é agora acusada de violar as leis norte-americanas ao vender papéis com preços inflacionados devido a contratos com empreiteiros que foram super-faturados em troca de propinas. Essas propinas terão depois financiado campanhas eleitorais de vários partidos, nomeadamente do Partido dos Trabalhadores, atualmente no Governo.

A ação a favor dos investidores norte-americanos foi interposta no dia 24 deste mês e, ao contrário de outras ações contra empresas, desta vez alguns dos membros executivos da Petrobras foram mesmo constituídos arguidos. Segundo a queixa, a Petrobras negociou mais de 90 mil milhões de dólares em títulos na Bolsa de Nova Iorque.

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É a primeira vez que uma cidade move um processo judicial contra a Petrobras. Mas antes de Providence, já houve 11 processos semelhantes movidos por escritórios de advogados norte-americanos contra a petrolífera brasileira.

Até hoje, pelo menos 39 pessoas no Brasil foram indiciadas ou acusadas de crimes de corrupção ou lavagem de dinheiro. Em causa está a alegada formação de uma quadrilha para inflacionar os preços dos grandes projetos da Petrobras ou para financiar políticos. O caso abalou o Governo da recentemente reeleita presidente Dilma Roussef, que foi presidente do conselho da Petrobras durante sete anos, até 2010, e que por isso estava no olho do furacão.

De acordo com a polícia brasileira, o esquema da Petrobras moveu mais de 3.9 mil milhões de dólares naquilo que as autoridades descreveram como “transações financeiras atípicas”. Os administradores da petrolífera podem agora enfrentar penas de prisão superiores a 20 anos.