Igor Stravinsky chamou-lhe o “grande feiticeiro das palavras” e o “guardador da linguagem”. Quando morreu, em 1965, Robert Giroux escreveu que o mundo se tinha tornado “num lugar pior”. Admirado por muitos, T.S. Eliot foi um dos maiores e mais influentes poetas do século XX. Cinquenta anos depois da sua morte, a sua obra perdura — imortal, como ele.

Thomas Stearns Eliot nasceu a 26 de setembro de 1888 em St. Louis no Estado do Missouri, nos Estados Unidos da América. Em criança, sofria de vários problemas de saúde, incluindo de uma hérnia inguinal dupla congénita, que o impediam de participar em atividades físicas, típicas dos rapazes da sua idade. Isolado, rodeou-se de livros, de histórias de tribos selvagens e do Oeste Selvagem. Uma das suas favoritas era a de Tom Saywer, personagem do livro de Mark Twain As Aventuras de Huckleberry Finn.

Começou a escrever poesia aos 14 anos, sob a influência da obra Rubaiyat of Omar Khayyam de Edward Fitzgerald, uma tradução dos poemas do iraniano Omar Khayyam. Esses primeiros poemas, negros e desesperados, acabaram por ser destruídos por Eliot. O primeiro poema que editou, “A Fable For Feasters”, foi escrito durante um exercício de escrita na escola e publicado em 1905 no Smith Academy Record. Tinha 17 anos.

Em 1906, entrou para a Universidade de Harvard, onde estudou Filosofia. Foi ai que teve o primeiro contacto com os poetas simbolistas franceses, que acabaram por influenciar profundamente a sua obra literária. Entre 1909 e 1910, trabalhou como professor assistente na universidade, cargo que abandonou para ir estudar Filosofia na Universidade de Sorbonne, em Paris. Em 1914, mudou-se para Inglaterra e, no ano seguinte, casou com Vivienne Haigh-Wood, de quem se separou em 1933. Começou por trabalhar como professor em Londres e, em 1925, tornou-se editor literário (e mais tarde diretor) da editora Faber & Gwyer, que viria a dar origem à conhecida Faber & Faber.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Foi em Londres que conheceu o escritor Ezra Pound, que o assistiu na publicação de vários trabalhos em revistas. Em 1915, publicou o poema “The Love Song of J. Alfred Prufrock” e, dois anos depois, publicou o primeiro livro de poemas, Prufrock and Other Observations, que o estabeleceu enquanto escritor. Seguiu-se a publicação de The Waste Land, em 1922, considerado por muitos como uma das obras poéticas mais influentes do século XX.

“Abril é o mês mais cruel, plantando
Lilases na terra morta, misturando
Memória e desejo, revolvendo
Lilases da terra morta, mesclando
Raízes dormentes com a chuva da primavera.”

— The Waste Land

Em 1927, adquiriu a cidadania britânica e converteu-se ao anglicanismo. Vinte anos depois, recebeu o Prémio Nobel da Literatura pelo contributo dado à poesia moderna. Fortemente influenciado pelos poetas metafísicos do século XVII e pelos simbolistas franceses, como Baudelaire e Rimbaud, criou poemas complexos como a realidade que pretendia transmitir. Procurou unir, através do uso da linguagem, o intelectual, o estético e o emocional, de modo a retratar o presente e a homenagear o passado.

Morreu a 4 de janeiro de 1965 de um enfisema, na sua em casa em Londres. De acordo com os seus desejos, foi cremado e as suas cinzas depositadas na igreja de St. Michael, em East Coker, a aldeia dos seus antepassados. Na igreja, uma placa marca o local onde as cinzas de Eliot foram depositadas — “No meu começo está o meu fim. No meu fim está o meu começo”.