O ministro dos Negócios Estrangeiros português disse esta quinta-feira em Bruxelas que a Rússia parece estar a “afastar-se cada vez mais” dos acordos de Minsk, e considerou que as sanções continuam a ser o melhor “instrumento” da União Europeia.
Falando à saída de uma reunião extraordinária dos chefes de diplomacia, ainda antes da conclusão dos trabalhos, Rui Machete indicou que a discussão em Bruxelas sobre o conflito na Ucrânia se centra num reforço das sanções à Rússia, reafirmou a sua convicção de que esta é a melhor ferramenta da UE para exercer pressão sobre Moscovo e afirmou-se confiante de que será possível uma posição consensual, ou seja, que receba o aval do novo governo grego, à partida contrário ao agravamento de sanções.
“As sanções são um instrumento e, portanto, poderão cessar logo que haja um sinal inequívoco no terreno de que os separatistas e a Rússia estão dispostos aceitar um cessar-fogo e a aplicação das regras do acordo de Minsk. Neste momento, tem sido exatamente ao contrário, tem havido um agravamento da situação”, disse.
O ministro acrescentou que as informações da NATO, segundo as quais nas últimas semanas aumentou o fluxo de equipamento que os russos fazem chegar aos separatistas ucranianos, entre artilharia pesada, tanques, veículos blindados e sistemas eletrónicos militares, “reforçam a impressão de que a Rússia está a afastar-se cada vez mais do cumprimento dos acordos de Minsk”.
Machete apontou que o que está em discussão, ao nível da UE, é “uma extensão, no tempo, das sanções” e alargar a “lista negra”, mas também preparar, para o próximo Conselho Europeu de 12 de fevereiro, “a possibilidade de estender (as sanções) a outras medidas setoriais”, sendo que esta medida só pode ser tomada ao nível de chefes de Estado e de Governo, e por unanimidade.
Questionado sobre a dificuldade em alcançar essa unanimidade, em virtude de o novo governo grego já se ter manifestado contrário a sanções, Rui Machete reconheceu que “pode” haver um problema, pelo que “tem havido um certo cuidado de explicar que a posição (da UE, de adotar sanções) é uma posição que é instrumental e que resulta da preocupação com a atitude da Rússia”, que a União Europeia deseja ajudar a resolver pela via negocial.
“As medidas que nós estamos a tomar são as que preservam a paz, e instrumentais quanto ao resultado que se pretende alcançar, porque ninguém está a admitir fazer uma guerra à Rússia por causa deste conflito”, observou.
“Há possibilidades neste momento de chegarmos a um acordo”, entre os 28, Grécia incluída, sobre um reforço das sanções, concluiu o ministro.