O mês de janeiro foi sangrento na fronteira entre a Arménia e o Azerbaijão. O New York Times conta que durante vários dias ocorreram várias batalhas com artilharia pesada. No dia 23 uma batalha matou dois soldados arménios e deu origem a uma semana de batalhas que levou à morte de três soldados azeris. Os mediadores de paz – um francês, um russo e um americano – fizeram questão de se reunir com o ministro dos negócios estrangeiros azeri, alertando-o para a necessidade de o Azerbaijão respeitar os seus compromissos no sentido de uma resolução pacífica do conflito.” Ao mesmo tempo alertaram a Arménia para a necessidade de tomar “todas as medidas para reduzir tensões.” E já vários analistas apontam para o perigo iminente de escalada do conflito, com a possibilidade de se transformar numa guerra aberta.
O conflito está latente há anos, alimentando-se da inimizade entre os dois países que dominam a região do Nagorno-Karabakh. A região é um enclave no Azerbaijão, populada essencialmente por arménios graças aos esforços de Moscovo durante as décadas de sessenta e setenta. Quando a União Soviética entrou em colapso, os habitantes tentaram a unificação com a Arménia mas Baku recusou, levando a uma guerra que matou mais de trinta mil pessoas. E mesmo com o acordo de cessar-fogo de 1994 o conflito continuou, de forma mais ou menos latente, reacendendo de intensidade desde agosto – data em que um helicóptero arménio foi abatido pelas forças azeris.
Garantido é que até abril as tensões vão continuar a aumentar. Nessa altura a Arménia vai comemorar o centésimo aniversário do genocídio contra os arménios na Turquia, recordando que este conflito tem raízes históricas profundas – para além de ter também o potencial de desestabilizar a paz na região entre os poderes locais que são a Rússia, a Turquia e o Irão. Em jogo estão também tensões religiosas, que opõem os cristãos arménios aos muçulmanos azeris. E as forças em combate são desproporcionais: o Azerbeijão tem uma economia sustentada pelo petróleo que lhe tem permitido reforçar o seu exército, tornando-se numa força muito mais poderosa do que a Arménia. E isso também será relevante no alerta que os mediadores de paz nomeados pela OSCE fizeram ao governo azeri.