O Governo chegou a acordo com a farmacêutica Gilead Sciences para o fornecimento do medicamento inovador para a hepatite C, o Sofosbuvir. De acordo com a informação avançada pelo jornal Público, o plano passa por tratar 10 a 12 mil doentes nos próximos três anos e cada tratamento custará menos de 25 mil euros, semelhante ao valor espanhol.
Depois de várias negociações, o Ministério da Saúde, o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) e a farmacêutica norte-americana chegaram a acordo e Governo acabou por conseguir baixar o preço do tratamento para um valor inferior aos 42 mil euros, o valor que estava, oficialmente, em cima da mesa.
De acordo com Paulo Macedo, o valor do medicamento era elevado, com uma taxa de lucro de 5000%. A confirmar-se este valor, o ministro da Saúde consegue uma redução de 50% do preço. Além disso, os três primeiros meses de tratamento serão pagos, mas os restantes, para os doentes que deles precisem, serão oferecidos pela farmacêutica.
A confirmar-se o plano de tratamento (10 a 12 mil doentes), ainda há uma fatia de doentes que fica de fora. De acordo com o número avançado por Eurico Castro, presidente do Infarmed, na quarta-feira à RTP, existem mais de 13 mil doentes com esta doença. Os doentes escolhidos para receberem tratamento serão analisados pelo Infarmed caso a caso.
Esta sexta-feira, pelas 11 horas, o ministro da Saúde Paulo Macedo vai apresentar o acordo oficialmente em conferência de imprensa, juntamente com o presidente do Infarmed, Eurico Castro Alves. A farmacêutica já tinha acordado dispensar 100 tratamentos de sofosbuvir e ledispavir (uma associação ainda mais inovadora). As encomendas para esta solução começaram na quarta-feira.
A presidente da SOS Hepatites, Emília Rodrigues, embora encare este acordo como uma boa notícia diz que o Governo já o podia ter realizado há três anos – relembre-se que o medicamento foi lançado no mercado europeu há cerca de um ano. Emília Rodrigues refere ainda que comprar 100 ou mil medicamentos não é a mesma coisa – trata-se da “lei da oferta e da procura”, refere a presidente da associação, como justificação para a ideia de que quanto mais se compra, mais barato fica.
Lembrando que os hospitais não têm dinheiro, Emília Rodrigues propõe que seja criada uma linha de crédito para que os hospitais consigam comprar a medicação. A presidente da SOS Hepatites questiona-se se todos os doentes que precisam do tratamento terão acesso equivalente ao mesmo. O presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, reforçou a mesma ideia – o medicamento “tem de estar acessível equitativamente a todos os doentes e não apenas em alguns hospitais”.
Atualizado às 7 horas de dia 6 de fevereiro