Segundo Miguel Poisson, o número de créditos à habitação já apresentou um crescimento em 2014, de 15% em relação ao ano anterior, o que permitiu um aumento das transações de imóveis
“Nós estimamos que o crescimento para 2015 possa ser o dobro daquele que foi em 2014”, afirmou o diretor-geral, que notou também a crescente preferência por investimentos imobiliários em vez de financeiros.
Miguel Poisson referiu o “aumento claro” de investidores que, devido aos juros muito baixos da banca, conseguem uma rentabilidade “quatro ou cinco vezes superior” quando compram imóveis e depois os arrendam.
Uma terceira justificação para a recuperação do mercado imobiliário foi o aumento de investidores internacionais, com destaque para os reformados franceses e ingleses, uma vez que o peso das transações no âmbito dos “golden visa” é, no caso da Era, “residual” e concentrado em Lisboa e na linha do Estoril.
“Dos milhares e milhares de reformados da União Europeia a investir na aquisição de imóveis”, referiu o responsável da Era, “50%” estão a preferir o Algarve, enquanto 25% se fixam em Lisboa e no Estoril. Os restantes 25% estão “um pouco por todo o lado”, incluindo “Porto, Coimbra e Oeste”.
Outro investimento que se destacou em 2014 foi a compra de imóveis na periferia das grandes cidades, onde os preços chegaram a baixar entre 25 e 30% nos últimos três ou quatro anos, referiu Miguel Poisson.
Com os preços a “baterem no fundo no último trimestre de 2014”, já há investidores a “perceber que este talvez seja o melhor momento dos últimos 15 anos para investir no imobiliário”, disse.
Mas o cenário não se vai manter sempre, avisou, lembrando que a maior concessão de crédito para compra de habitação levará a uma maior procura e, consequentemente, a uma correção ascendente dos preços.
O aumento da procura terá ainda outra consequência, levando a um crescimento das novas construções.
Para o dirigente daquela imobiliária, se o final de 2014 mostrou uma recuperação no mercado de retalho e nos pequenos imóveis, o “ano de 2015 marcará, provavelmente, o início de uma recuperação nas novas construções, sobretudo em zonas onde se começa a sentir uma procura mais forte”.
Segundo o responsável, as grandes cidades e o Algarve são “zonas que pelo aumento da procura, esgotaram o ‘stock’ existente no mercado.
“Há zonas em Portugal, no Algarve, e em Lisboa, onde se começa a sentir a falta de apartamentos novos e, devido a essa procura, muitos investidores e construtores estão a voltar a olhar para o mercado e a investir”, concluiu.
A faturação da imobiliária cresceu 29% no ano passado, em relação com 2013, o que corresponde a 18 mil transações, das quais 75% são vendas, com a superação da “fasquia dos mil milhões de euros em volume de vendas”.
Este foi o “melhor ano de sempre, em termos de faturação média por loja”, assegurou o responsável.
Os distritos que apresentaram maior volume de faturação foram Lisboa (38%), Porto (18%) e Faro (11%). Em termos de crescimento, o distrito da Guarda foi o que registou o maior crescimento face ao período homólogo (67%). Seguiram-se Lisboa (57%) e Funchal (54%).