As Unidades Locais de Saúde (ULS) não estão a cumprir o tempo de resposta útil para a marcação de exames, consultas e cirurgias programadas, nem estão a evitar hospitalizações ou internamentos desnecessários, conclui um estudo do regulador divulgado nesta sexta-feira. O alerta consta de um trabalho feito pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), a pedido do ministro da Saúde, Paulo Macedo, para avaliar o desempenho das ULS.

Segundo a ERS, estas unidades de saúde não estão a conseguir cumprir o objetivo de melhorar a interligação dos cuidados de saúde primários com os cuidados hospitalares, que esteve na génese da sua criação. Prova disso é o facto de o número de internamentos desnecessários ser superior nos hospitais integrados em ULS do que nos outros, com exceção para o caso da ULS do Baixo Alentejo.

“Esta constatação sugere que os eventuais ganhos ao nível da coordenação entre cuidados de saúde primários e hospitalares proporcionados pela criação de ULS não se estarão a refletir numa redução de hospitalizações desnecessárias”, sublinha a ERS. Além disso, em média, o tempo de internamento é maior nos hospitais integrados em ULS e, entre 2011 e 2013, cresceu mais rapidamente do que nos outros hospitais sem este modelo. Ainda no âmbito dos cuidados hospitalares, a ERS constatou que, proporcionalmente, os hospitais não integrados em ULS realizaram mais cirurgias em ambulatório do que os outros.

Em termos de qualidade, e considerando as dimensões de avaliação “Excelência Clínica”, “Segurança do Doente”, “Focalização no Utente” e “Adequação e Conforto das Instalações”, o regulador constatou que apenas ao nível da “Segurança do Doente” se encontraram diferenças significativas, sendo que são os hospitais não integrados em ULS os que têm melhores resultados. Quanto ao acesso, os hospitais abrangidos por ULS têm menor dotação de profissionais de saúde, contrariamente ao que se passa nos cuidados de saúde primários, em que os integrados em ULS têm mais profissionais de saúde.

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