Há quase 29 mil portugueses que não têm nem querem ter médico de família e já informaram os centros de saúde da sua decisão. O número não impressiona pela sua grandeza, uma vez que corresponde a apenas 0,3% do total de utentes inscritos nos cuidados de saúde primários (mais de 10,2 milhões), mas não deixa de ser curioso, uma vez que se está sempre a falar dos utentes a quem não é atribuído médico.

Olhando para cada região, é possível concluir que é na região de Lisboa e Vale do Tejo que mais utentes não querem ter médico de família (10.295), seguida da região Norte (9.414). Os números constam de uma nova publicação da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) sobre o Número de Utentes Inscritos nos Cuidados de Saúde Primários, divulgada na segunda-feira e que reporta a 10 de fevereiro deste ano.

Muitos destes utentes fazem parte daqueles portugueses que estavam há três anos ou mais sem ir ao médico e a quem foi enviada uma carta para que se pronunciassem sobre a vontade de manter ou não o médico de família. Podem estar emigrados, ou simplesmente não utilizarem os cuidados de saúde primários.

Mais um ministro que falhará promessa

Além deste número, a publicação da ACSS mostra que há ainda 1,28 milhões de portugueses sem médico de família atribuído. Como este é o primeiro relatório com base no registo nacional de utente (RNU), não existe um dado exatamente comparável, porém como referência podemos falar dos 1,7 milhões de utentes que não tinham médico em setembro de 2011. Comparando com este número, o indicador melhorou, porém está ainda muito longe de ser um dado positivo.

E mais longe ainda está a meta traçada pelo ministro Paulo Macedo, à semelhança dos seus antecessores, e que se prendia com a atribuição de médico de família a todos os portugueses até ao final da sua legislatura. Olhando para estes números dificilmente Macedo conseguirá cumprir com a promessa, apesar das medidas tomadas até aqui: contratação de médicos aposentados, “limpeza” das listas de utentes, alargamento da lista de utentes tratados pelos médicos nas unidades de saúde familiar (USF), entre outras.

Esta publicação da ACSS tornar-se-á progressivamente mais completa e será publicada de três em três meses, devendo a próxima informação, ser publicada a 1 de abril de 2015.

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