O reembolso antecipado ao Fundo Monetário Internacional (FMI) é um fator positivo para Portugal, diz a Moody’s. No entanto, por si só não é suficiente para melhorar o rating da dívida do país que continua abaixo do nível de confiança máxima: investment grade.
Num comentário à antecipação do pagamento ao FMI, aprovada esta semana pelos países da zona euro, a agência de notação financeira reconhece que o enquadramento internacional é favorável ao financiamento em mercado de Portugal, versus empréstimo de credores institucionais, sobretudo quando vai começar o programa de compra de ativos do Banco Central Europeu.
Mas o regresso da dívida portuguesa ao nível de investment grade exige resultados mais visíveis em duas áreas fundamentais. O primeiro desafio a ultrapassar é o progresso na consolidação orçamental e na redução do défice das contas públicas que demonstre que é possível baixar a dívida portuguesa colocá-la na rota da sustentabilidade. A atual perspetiva da Moody´s é que se registe uma redução muito gradual do rácio da dívida, atualmente em 127,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Mesmo num cenário de cumprimento das metas de diminuição do défice, a dívida só deverá baixar para 118% do PIB em 2018.
O outro fator crucial é o fortalecimento da retoma económica e as provas de que um crescimento mais elevado do PIB pode ser sustentado ao mesmo tampo que o setor privado continua a reduzir a sua dívida externa.
As contas da Moody’s à poupança portuguesa batem certo com os números da Comissão Europeia, segundo os quais o pagamento antecipado de metade do empréstimo ao Fundo, no valor de 14 mil milhões de euros, permitirá ao país poupar 500 milhões de euros na fatura com juros. Esta economia acumulada representa 0,3% do PIB. O financiamento do FMI cobra um juro médio de 3,6%, enquanto Portugal se consegue atualmente financiar a 2,6% para títulos de dívida a dez anos.