O secretário-geral do PS disse que os gestores de grupos como o BES e a PT eram quase todos homens e “competentíssimos”, mas “o resultado foi o que foi”. A ironia serviu para defender a introdução quotas para mulheres em empresas.

Na comissão parlamentar de inquérito ao ‘caso BES’ (Banco Espírito Santo) têm estado a depor “vários dirigentes empresariais de grandes empresas do país, do grupo BES ou do grupo PT [Portugal Telecom]” e “até agora” só surgiu uma mulher, disse o dirigente socialista, que intervinha num debate sobre “Diferenças salariais entre trabalhadoras e trabalhadores. Que boas práticas?”, realizado hoje em Coimbra, por iniciativa do PS.

Todos os gestores ouvidos naquela comissão parlamentar “eram competentíssimos, o resultado foi o que foi e são todos homens”, ironizou António Costa, defendendo a introdução de quotas de mulheres nas administrações das empresas, sobretudo nas cotadas no PSI20 (principal índice da bolsa portuguesa).

“A introdução dessa quota é importante” pela “sua carga simbólica”, mas também pelo “efeito replicador” que a medida terá, designadamente a nível das direções e chefias dessas empresas, sustentou.

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“Antes de ser um problema na empresa” a participação da mulher na vida da sociedade é um problema da própria sociedade, para o qual ela “tem de coletivamente encontrar resposta”, reconheceu o também presidente da Câmara de Lisboa, defendendo “uma nova lógica de organização da sociedade”.

Mas nem por isso deixa de ser “um problema da empresa”, afirmou.

“Os argumentos para contrariar” a medida são os mesmos que foram utilizados contra “a introdução de quotas na vida política” (as quotas “favoreciam as mulheres não capazes” e “não castigavam os homens menos capazes”), recordou o líder do PS, contestando esses argumentos.

“As desigualdades entre homens e mulheres são ainda maiores quando deixamos de olhar para o salário-base e olhamos para o ganho mensal, porque é nesse que entram todas as componentes remuneratórias”, alertou António Costa, detendo-se no tema do debate.

Essas “componentes remuneratórias, que não estão no salário-base, resultam de uma avaliação subjetiva ou de uma diferenciação da disponibilidade e envolvimento na vida da própria empresa”, referiu António Costa, adiantando exemplos como o trabalho extraordinário e os prémios de produtividade.