Choupette é um gato que tem 46 mil seguidores no Twitter e 50 mil no Instagram. Já apareceu em capas da Vogue ao lado de grandes modelos internacionais. O dono? Karl Lagerfeld — um dos grandes ícones da moda. O seu animal de estimação é um dos temas abordados na mais recente das raras entrevistas de fundo que dá a meios de comunicação.

O estilo acutilante e assertivo é uma das marcas de Lagerfeld e a entrevista que deu ao New York Times prova isso mesmo. Há 50 anos na Fendi, tem o recorde da ligação mais duradora entre um criador e uma marca. Lagerfeld não revela a sua idade. Pode ter 70, pode ter 80, pode ter mais. Tem, sim, a energia suficiente para manter o trabalho na Fendi, na Chanel e na marca em nome próprio (Karl Lagerfeld).

“Quando as pessoas começam a pensar que aquilo que fizeram no passado é melhor do que aquilo que estão a fazer agora, então está na altura de pararem”. Lagerfeld é contra o passado. “Muitos dos meus colegas têm arquivos, passam a vida a olhar para os vestidos como se fossem quadros do Rembrandt. Por favor, parem com isso”. Não olha para o passado porque “não faz sentido”. Não interessa o que fez, interessa o que está a fazer no momento presente.

Peles? Sim. “Um talho é uma coisa muito pior. É como visitar uma morgue.” A moda de Lagerfeld é sinónimo de peles. Com orgulho. “Se as pessoas comem carne e vestem couro, qual é o problema?”, questiona o criador. Diz que “é fácil” dizer “não” ao uso de peles, mas a indústria está montada e alimenta muitos empregos, nomeadamente de muitos caçadores. Não há limitações quanto ao uso das peles: a limitação está apenas “nas ideias que se tem” para as usar, diz Lagerfeld.  As ideias, essas, custam a sair. Lagerfeld não acredita em esperar que a inspiração chegue. “Os franceses costumam dizer: o apetite chega quando estamos a comer. Ou seja, as ideias vêm enquanto se está a trabalhar”.

A fama de Lagerfeld leva a que, assim que o criador esteja presente, corram fãs para tirar selfies. É uma “moda” que não lhe agrada. “Eu não tiro selfies” diz, assertivamente, à repórter do New York Times. “Felizmente tenho o meu assistente, que é mau e rude para as pessoas. Eu sou uma pessoa simpática”.

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