Debra Milke esteve no corredor da morte durante 22 anos, carregando nos ombros a acusação de ter assassinado o filho de quatro anos. O caso esteve nas mãos de um detetive reconhecido pela sua má conduta até segunda-feira, altura em que um juiz retirou as acusações contra a mulher do Arizona (EUA). Para os advogados, foi o fim de um pesadelo. Para Debra, uma “vingança agridoce”. A história está no The Guardian.

O detetive da polícia de Phoenix chamava-se Armando Saldate. Quando Christopher, de quatro anos, foi encontrado morto, a polícia prendeu a mãe e afirmou que esta tinha assumido a autoria do crime. Nunca houve registos oficiais nem testemunhas da suposta confissão e Debra insistiu que “não tinha absolutamente nada a ver com a morte do meu filho e nunca fizera uma confissão ao detetive Saldate”.

Mas a senhora manteve a esperança ao longo dos 25 anos, três meses e catorze dias e disse que sempre acreditou “que este dia chegaria”. Christopher foi encontrado morto em 1990 e a acusação de Debra acreditava que, um ano antes, a mulher tinha pedido a dois amigos que matassem o menino para conseguir dinheiro do seguro.

Agora, a luta em tribunal é outra: os advogados de Debra iniciaram uma ação judicial contra todos os indivíduos que terão ignorado a versão da mulher, incluindo Saldate. Lê-se no documento que Milke foi “uma vítima de acusações maliciosas” que não foram apreciadas com justiça.

A resignação que Debra foi mantendo ao longo dos anos diz devê-la às memórias do filho e às recordações da sua personalidade, conforme contou numa conferência de imprensa. E um dos advogados acrescentou: “Sento-me aqui hoje num estado de descrença sobre o que está a acontecer”. Agora as suspeitas recaem sobre Styers, um homem que desejava ter um romance com Debra. Na altura, a mãe queria mudar de cidade e Styers terá morto a criança numa tentativa desesperada de a impedir de o fazer.

O Arizona é um dos pouco estados onde não se garante a compensação àqueles que foram anteriormente acusados injustamente. O Projeto Inocência pretende contrariar este estatuto e conquistar recuperações por cada ano que alguém passe injustamente do outro lado das grades.

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