“Se perdermos, temos que perder todos por igual”. O desabafo de um dirigente do PSD resume a preocupação generalizada do partido, numa altura em que está para breve o arranque formal das negociações com o CDS para a formação de uma coligação pré-eleitoral para as eleições legislativas do outono. A distribuição de lugares não vai ser fácil e há quatro distritos que podem tornar-se problemas bicudos: Coimbra, Santarém, Faro e Madeira.

PSD e CDS têm um discurso otimista para fora, mas nos bastidores a cautela impera. Uma das preocupações do lado do maior partido é que, em caso de desaire eleitoral, os lugares que a coligação perca não sejam apenas subtraídos ao PSD mas, em termos proporcionais, também ao CDS.

Porquê estes quatro distritos?

O partido de Paulo Portas teve um dos melhores resultados de sempre nas últimas legislativas, 11,7%, elegendo 24 parlamentares. Duplicou o número de mandatos das eleições de 2005 para as de 2011. As legislativas de 2005 ocorreram quando o Governo era liderado pelo PSD/CDS tal como hoje em dia e o CDS obteve 7,2% dos votos e 12 lugares. Nessa altura, conseguiu eleger deputados em nove distritos. Em comparação com o que existe hoje, não conseguiu representantes em Coimbra, Santarém, Faro e Madeira. Logo, estes distritos não são considerados terreno tradicional dos centristas, como, por exemplo, Leiria, Setúbal ou Viseu (para não falar nos distritos maiores) onde o CDS tem sempre votações expressivas que chegam para eleger mandatos.

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Há quatro anos, os cabeças de lista nos distritos mais ‘arriscados’ foram João Serpa Oliva (Coimbra), Filipe Lobo d’ Ávila (Santarém), Artur Rego (Faro) e José Manuel Rodrigues (Madeira).

Por sinal, no domingo à noite, nas reações aos resultados das eleições regionais da Madeira, o líder do CDS, Paulo Portas, destacou que o score do partido na Madeira foi igual ao alcançado naquele círculo eleitoral nas eleições legislativas de 2011. “O CDS teve hoje exatamente à décima, o mesmo resultado que teve há quatro anos para a Assembleia da República. Com o resultado de hoje, elegeria bem o seu deputado pela Madeira. Num círculo relevante como o da Madeira não só resistiu e provou bem como está bastante à vontade para trabalhar mais e servir mais”, afirmou, chamando a atenção para a resistência do CDS.

A luta por lugares já fez com que alguns dirigentes do PSD se tenham manifestado contra a possibilidade de Assunção Cristas trocar o ‘seu’ distrito, Leiria, e assumir a posição de cabeça de lista pela coligação em Santarém.

A proporção do CDS para o PSD em termos nacionais é de 1 para 4. Nas eleições legislativas de 2011, os centristas tiveram 11,7% (24 lugares) e o PSD 38,6% (108). Mas essa proporção não é para ser usada a regra e esquadro. Segundo fontes do PSD e do CDS, isso não significa que haverá quatro cabeças de lista do CDS nos 20 círculos eleitorais que existem (18 no continente mais Madeira e Açores). A questão é garantir, segundo o CDS, que são lugares elegíveis, mais do que se são ou não cabeças de lista.

Na coligação pré-eleitoral para as europeias de 2013, as negociações entre PSD e CDS foram duras e, no final, a perda eleitoral traduziu-se na eleição de menos dois deputados, um de cada um dos partidos. Nas europeias de 2004, altura em que PSD e CDS também concorreram coligados, a perda também de dois lugares foi assumida apenas pelo PSD pois a posição dos lugares ocupados pelo CDS na lista salvaguardou este partido.

Nas legislativas de 2009, quando o Governo já era socialista o CDS teve 10,4% elegendo 21 deputados.