O número de bicicletas a circular em Lisboa é cada vez maior, mas ainda muitos são aqueles que, usando as ciclovias já existentes, reclamam por mais e melhores acessos, para tornar este um meio de transporte mais utilizado.

Pedro Charneca, Alcides Carvalho e Carlos Costa têm em comum o facto de terem trocado o automóvel pela bicicleta, escolhendo o veículo de duas rodas para as suas deslocações diárias em Lisboa tanto para o trabalho, como para lazer, como relataram à agência Lusa.

“Tenho carta de automóvel há dois anos, mas uso a bicicleta para me deslocar na cidade há mais de quatro”, começou por dizer à Lusa, Alcides Carvalho, ‘Sena’ para os amigos, justificando a sua escolha com a rapidez com que se move para qualquer ponto da cidade, aliado ao facto de ser também mais saudável.

‘Sena’ contou que criou o “hábito de ‘ciclar'” e que sempre o preferiu para percorrer Lisboa, cidade que, comparando com outras europeias, tem, em sua opinião, “poucas ciclovias onde se possa circular com segurança e de modo confortável”.

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“Quando se circula pelo centro da cidade, o nível de exigência pelo cuidado é maior. Na hora de ponta há menos tolerância por parte dos automobilistas que perdem a paciência facilmente”, lembrou Alcides Carvalho.

O novo Código da Estrada, que entrou em vigor a 01 de janeiro de 2014, veio introduzir alterações na circulação rodoviária e conferiu aos ciclistas novos direitos, ao passarem a ser equiparados aos veículos motorizados.

Estes três ciclistas, literalmente ‘parados’ pela Lusa quando se deslocavam para os seus locais de trabalho, foram perentórios em afirmar que, apesar das alterações ao Código da Estrada, ainda há muito a fazer pelos ciclistas.

“Neste momento, sinto um pouco mais de condescendência e respeito, algumas pessoas [estão] mais atentas, mas quem vai de bicicleta, a todo o momento sente que pode sofrer um impacto e não saber de onde [este] surgiu”, explicou o ciclista.

Também Pedro Charneca, apanhado pela Lusa na ciclovia da Avenida Duque de Ávila, revelou que prefere a bicicleta ao automóvel para as suas deslocações diárias, mesmo que tenha de ir buscar os materiais de pintura que usa na sua profissão.

“É o melhor e mais rápido”, disse o pintor à Lusa, explicando que, também os elevados custos e a dificuldade de estacionamento, o ajudaram a optar pela solução da bicicleta.

Apesar de ser para si um vício andar de bicicleta, Pedro Charneca ainda não tem qualquer tipo de seguro, mas não exclui essa possibilidade e admitiu ter de se informar mais sobre o assunto, pois cria risco quando, por pressa, vai contra as regras e sobe o passeio.

“Quando me sinto numa situação mais aflitiva subo para cima do passeio”, desabafou o pintor, de 54 anos e natural de Moçambique, para logo frisar ser um conhecedor do novo Código da Estrada e saber que há ciclistas já penalizados nessa situação.

Carlos Costa, que faz todos os dias o trajeto entre a Buraca e o Parque das Nações, também já tem conhecimento das novas regras da estrada referentes aos ciclistas, reconhecendo que os últimos tempos têm sido melhores, mas apontando a falta de pistas cicláveis como uma mudança precisa na cidade de Lisboa.

“Todos os dias uso a bicicleta, para ir de casa para o trabalho. É mais económico”, contou Carlos Costa, explicando que os taxistas são os condutores que mais o preocupam, pois “andam sempre com mais pressa”.

Carlos Costa, reconheceu, à semelhança de Alcides Carvalho e Pedro Charneca, que provavelmente seria melhor ter um seguro, pois já teve “alguns sustos”, uns por culpa sua, outros por terceiros.