As histórias mais curiosas e provocadoras sobre os presidentes dos Estados Unidos saem agora da intimidade das quatro paredes da Casa Branca. Contadas por centenas de pessoas que trabalharam nos vários serviços da residência oficial dos presidentes dos Estados Unidos, as histórias são agora publicadas no livro The Residence (“A Residência”), que o jornal espanhol ABC já leu. A autora do livro é Kate Andersen Brower, uma repórter da agência Bloomberg, acreditada para trabalhar na Casa Branca durante quatro anos, período em que reuniu as histórias. Fique a conhecer algumas delas:
1. Quando Hilary Clinton atirou um livro (e um candeeiro) à cabeça de Bill
Durante o “escândalo sexual Lewinsky”, conhecido em 1998, após o envolvimento sexual do Presidente Bill Clinton com Monica Lewinsky, uma estagiária de 22 anos da Casa Branca, Hilary Clinton, a primeira Dama, ter-lhe-á atirado um livro e um candeeiro à cabeça, relata a autora.
Nessa altura, uma empregada que foi limpar o quarto do casal Clinton deparou-se com um lençol de cama manchado com sangue. Aparentemente, o sangue pertencia a Bill que mais tarde disse publicamente que se tinha magoado numa porta “enquanto corria para ir à casa de banho a meio da noite”. No entanto, um membro dos serviços da Casa Branca garantiu à autora do livro que teria sido Hillary a atingir o marido com um livro. E armas não lhe faltariam: “Na mesa de cabeceira havia pelo menos 20 livros por onde escolher, entre os quais a Bíblia”.
Nessa altura, também o florista Ronn Payne disse ter visto dois mordomos a escutar uma conversa do casal através da porta do quarto. De repente, ouviram Hilary gritar “maldito filho da mãe!” De seguida, ecoou um barulho “como se alguém tivesse atirado com um objeto pesado”. O rumor que correu entre o pessoal da Casa Branca dizia que Hilary teria atirado um candeeiro a Bill, que acabou por dormir num sofá de um escritório.
2. Michelle Obama a dançar de fato de treino
Segundo os membros dos serviços da Casa Branca, quando Barack Obama chegou à residência oficial sentiu-se desconfortável com toda a atenção inicial e manteve “distância” da equipa. Enquanto com os Bush era possível um relacionamento mais próximo, com “os Obama era necessário manter uma atitude muito profissional”, conta Stephen Rochon, o chefe dos porteiros. O tempo, no entanto, foi eliminando as barreiras.
Na sua primeira noite ao serviço, o mordomo Usher Worthington White teve que levar alguns documentos ao Presidente sobre os preparativos para o baile inaugural de início do mandato. À medida que se aproximava do quarto presidencial, White ouviu Obama a dizer “tenho este, eu ponho”, e de seguida ouviu a música da cantora Mary J. Blige “Real Love” a tocar. Ao entrar no quarto, viu Michelle vestida com um fato de treino a dançar. “Aposto que nunca viste nada assim nesta casa” disse-lhe Obama. “Honestamente, posso dizer que nunca ouvi Mary J. Blige neste piso”, respondeu White.
3. Kennedy e as amantes a nadarem nus na piscina
Quando Bill Clinton e Monica Lewinsky foram apanhados, ao menos estavam vestidos. Com John F. Kennedy, o mesmo não aconteceu.
Quando Jackie Kennedy se ausentava para passar temporadas na quinta que o casal tinha no estado da Virgínia, o presidente tomava banho despido na piscina da Casa Branca com as amantes, muitas das quais trabalhavam como suas secretárias.
Um ex-funcionário não identificado contou à autora do livro que uma vez encontrou Dave Powers, um amigo chegado de J. F. Kennedy, nu na piscina com duas das secretárias do Presidente. Noutra ocasião, um outro trabalhador viu “uma mulher despida a sair da cozinha da residência”. O pessoal do serviço decidiu evitar esse andar da Casa Branca para não se deparar com cenas insólitas.
4. Os duches escaldantes de Lyndon B. Johnson
Quem serviu Lyndon B. Johnson recorda-se da sua obsessão com duches de água a ferver.
Aparentemente, já na antiga residência antes de se mudar para a Casa Branca Johnson teria instalado um chuveiro especial onda a água “saía por múltiplas saídas, apontando para todas as direções”. Os jatos “pareciam agulhas com uma força muito poderosa” e alegadamente, um deles, apontava diretamente para o pénis do Presidente, ao qual este se referia como “Jumbo”. Um outro jato estava direcionado para o seu traseiro.
A Casa Branca teve que enviar uma equipa especial de canalizadores para estudar o antigo chuveiro de Johnson com o objetivo de o instalar na residência oficial. Tal instalação custou “dezenas de milhares de dólares” e o dinheiro foi retirado dos “fundos classificados destinados à segurança”.
Quando a equipa de canalizadores terminou, Johnson experimentou o duche completamente despido à frente de toda a equipa e “a água saiu tão quente que o vapor ativou o alarme de incêndio”.
5. Os filhos de Jimmy Carter deixavam tudo cheio de fumo
A presidência de Jimmy Carter foi curta (de 20 de janeiro de 1977 a 20 de janeiro de 1981), stressante (foi marcada pela crise dos reféns do Irão que durou 444 dias) e terminou em lágrimas.
Várias testemunhas relataram à autora do livro The Residence que dois dos três filhos de Carter tinham por hábito fumar os seus cachimbos de água diariamente, enchendo a Casa Branca de fumo.
Quando Carter perdeu a eleição, os filhos “choraram durante duas semanas”, conta o florista Ronn Payne. “Choravam descontroladamente. Era impossível ir até ao segundo andar e não os ouvir”.
6. Nancy Reagan, a outra dama de ferro
Um casal que ficou bem na fotografia foi Ronald e Nancy Reagan, que viveu na Casa Branca de 1981 a 1989. Durante esse tempo, a primeira-dama impôs as suas regras na residência “com um punho de ferro”. Já o Presidente ficou lembrado como alguém amável e falador – às vezes, demasiado – conta o pessoal da residência oficial. Que às vezes até o evitava para fugir a “longas conversas”.
Na intimidade, era ela quem dava ordens. Nelson Pierce, um porteiro, recorda o sermão que Nancy deu ao marido por este estar a ver televisão às onze da noite. “Querida, eu só estou a ver o telejornal”, desculpava-se Ronald enquanto Nancy insistia que ele já devia estar a dormir.
Noutra ocasião, o pasteleiro chefe Ronald Mesnier levou a Nancy Reagen três propostas de sobremesa para um jantar, enquanto o presidente almoçava na mesma sala. Após rejeitar a terceira opção, Ronald disse-lhe “querida, deixa o chef decidir, essa é uma ótima sobremesa”. A primeira-dama respondeu-lhe “Ronnie, come a sopa. Este assunto não te diz respeito”. O presidente olhou para o seu prato e terminou a sopa sem dizer uma palavra.
7. Pulverizaram o Bush “pai” com pesticida industrial
George H. W. Bush e a sua esposa Barbara são, de longe, o casal presidencial mais querido dos funcionários da Casa Branca. Segundo os depoimentos citados no livro, “a devoção dos trabalhadores para com o presidente George H. W. Bush era autêntica e profunda”. Ao contrário das outras famílias que viveram na Casa Branca, os Bush que aí residiram de 1989 a 1993 incentivavam a equipa a cuidar da sua vida pessoal e familiar. O bom humor de Bush foi também destacado pela autora, sobretudo em situações em que os outros presidentes se enfureciam.
Uma vez, um trabalhador pulverizou “acidentalmente” o Presidente “da cabeça aos pés” com um potente pesticida industrial. Quando o médico chegou para o acudir, o rosto de George estava “completamente vermelho” e teve que tomar um duche para se “desintoxicar”. Uma vez fora de perigo, Bush disse apenas “Ok, ninguém vai perder o seu emprego. Vamos voltar ao trabalho”.