“Felizmente sei que tenho uma profissão à qual posso voltar”, disse o ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, quando questionado sobre o que irá fazer após a legislatura, embora admita que não definiu o seu futuro. “Não pensei ainda no que vou fazer, no sentido de saber se permaneço, ou não, na política, até porque também não discuti isso com quem deveria discutir”, disse o ministro em entrevista à Lusa, no dia em que completa dois anos no Governo.
Poiares Maduro fez um balanço positivo das suas funções governativas, desvalorizou as críticas que lhe têm sido feitas e assumiu que o seu principal “foco” é continuar a empreender as reformas do país.
“Para mim, o que realmente me dá satisfação, e foi a principal razão pela qual aceitei vir para o Governo, é participar na reforma do país, da sua economia, da sua sociedade”, disse o ministro que, entre outras áreas tem a tutela da comunicação social estatal e os fundos europeus.
“É isso que tenho procurado nos fundos europeus, com uma reforma profunda, é isso que tenho procurado fazer em dossiês como a RTP, também com uma reforma profunda do seu modelo de governo, do seu modo de financiamento, é isso que estou a procurar fazer com a descentralização”, ou seja, “em todo um conjunto de outros domínios”, explicou.
Questionado sobre o balanço que faz sobre os dois anos em que está no Governo, Miguel Poiares Maduro afirmou que “é seguramente positivo”, embora admita que tem “fases de frustração como em qualquer outra atividade, mas tem fases de grande satisfação”.
A satisfação “quando começamos a ver que uma determinada reforma começa a produzir resultados e, sobretudo, quando conseguimos implementar as reformas que pretendemos”. Foi isso que fez e “tem feito este exercício de funções compensador e que espero que continue a fazer até ao final do mandato”, disse.
Questionado sobre como lida com as críticas que lhe são feitas, o ministro assume-se como “uma pessoa analítica no tratamento dos problemas e desafios” que encontra e como tal concentra-se “sobretudo, em analisar os problemas e encontrar soluções para eles, mais do que ponderar sobre questões emocionais da reação que posso ter a críticas ou elogios”.
Apesar de ter ficado surpreendido com o convite para ser ministro, Poiares Maduro admitiu que já tinha pensado na “possibilidade de um dia vir a fazer uma carreira pública, uma carreira política”, mas nunca tinha pensado em tutelar uma pasta. “Nunca tinha pensado em ser ministro”, afirmou Poiares Maduro, que é militante do PSD, acrescentando que sempre teve “interesse em ter algum tipo de participação mais ativa na esfera pública”.
“Tinha pensado nisso várias vezes, mas tinha de compatibilizar isso com aquilo que continuava e continua a ser, num certo sentido, a minha carreira profissional de base, que era uma carreira académica, embora também tenha tido, aliás, uma experiência na magistratura. Provavelmente serei das poucas pessoas que teve uma experiência académica na magistratura e agora também no executivo”, disse.
Na mesma entrevista à agência Lusa, Poiares Maduro mostrou-se confiante numa vitória da atual maioria nas legislativas deste ano, dizendo que os portugueses “entenderam que era preciso fazer sacrifícios”, e falou ainda nas questões europeias, nomeadamente na questão grega.