A produção de petróleo pelos países da OPEP teve em março o maior crescimento em quase quatro anos, contribuindo para que os preços continuem próximos dos níveis mais baixos dos últimos seis anos, inferiores a 60 dólares por barril. A Arábia Saudita, em especial, está a produzir quantidades recorde de petróleo, numa altura em que a produção norte-americana de petróleo e gás de xisto já está a dar sinais de abrandamento.

A Arábia Saudita, o principal produtor de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), aumentou a produção em 390 mil barris por dia em março, para uma média de 10,1 milhões de barris por dia. Trata-se do valor mais elevado desde setembro de 2013 e perto de níveis recorde, adianta a Agência Internacional de Energia (AIE) em relatório citado pela Bloomberg.

No que diz respeito a toda a OPEP, a produção aumentou em 890 mil barris por dia, para 31,02 milhões por dia em março, também segundo a AIE. Além da Arábia Saudita, a AIE antecipa que a Líbia e o Iraque irão, também, acelerar o ritmo de produção energética. O resultado será uma abundância de petróleo cada vez maior. Algo que não convence a Arábia Saudita a reduzir a sua produção, já que o ministro do Petróleo, Ali Al-Naimi, garantiu que apenas reduzirá a produção caso os outros membros façam o mesmo.

A OPEP decidiu a 27 de novembro não reduzir a produção, levando a que os preços tenham caído, desde então, mais de 23% no caso do barril de petróleo negociado em Londres, o Brent. A queda chegou a superar os 40% no início de janeiro, também face a esse dia 27 de novembro em que a OPEP manteve inalteradas as quotas de produção.

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A queda do preço está a perturbar o crescimento das atividades de exploração de petróleo e gás a partir do xisto betuminoso, o chamado petróleo não convencional, com o número de unidades de produção nos EUA em mínimos desde 2010. Os dados, que demonstram que a “revolução do petróleo de xisto” está a sofrer o impacto dos preços baixos, são da consultora Baker Hughes. A OPEP terá optado, em novembro, por manter a produção elevada para concorrer com a crescente produção de petróleo e gás de xisto, sobretudo nos Estados Unidos, e da produção de petróleo da Rússia.

“A OPEP está a manter-se fiel ao seu plano, que significa preços baixos, o que está a pesar na produção norte-americana”, diz à Bloomberg Amrita Sen, analista da Energy Aspects, em Londres.