Discretamente pousada numa mesa, a balança é que manda. É como na secção de frescos do supermercado, com a diferença de que aqui são as taças, pratos e saladeiras que se podem encher de frutas e legumes a enfrentarem os dígitos eletrónicos. “Hoje em dia há tanta concorrência, tantas lojas como o Ikea e a Viva, que tínhamos de ter um conceito diferenciador. Vendemos louça ao peso e a intenção é que as pessoas façam os seus próprios conjuntos.”

Mafalda Oliveira Santos faz as apresentações da Companhia das Loiças, uma loja que começou em Torres Vedras, em 2011, mas desde o início do ano abriu também as portas em Campo de Ourique, em Lisboa. Foi a mãe, conhecedora da indústria de faianças das Caldas da Rainha, onde o primeiro negócio do género nasceu, que se lembrou de ter os quilos a ditarem os preços. “Só vendemos louça portuguesa e as encomendas são feitas diretamente à fábrica”, explica Mafalda, que trocou os anos de Direito e o trabalho na área financeira para se dedicar a este negócio. Na prática, essas encomendas correspondem a excedentes de exportações para países como os Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha, o que explica os preços: um serviço completo de 18 peças, com prato pequeno, grande e de sopa, fica a 22€, as saladeiras médias andam pelos 3,50€, os pratos com pé começam nos 5€ e não passam os 10€, os bules andam à volta dos 4,50€, os tabuleiros grandes de forno ficam pelos 6,50€, e há pratos para bolos, daqueles que chegam aos 30 euros na Zara Home, que aqui levam menos um zero.

© Jorge Vieira

O espaço é tão pequeno como a tabela de preços, mas suficiente para alinhar, em prateleiras de madeira até ao teto, os exemplares que o cliente pode escolher. É tudo ao peso, tirando três exceções: as louças Bordallo Pinheiro, as peças em inox e as criações da Barru Pottery, “uma marca de olaria portuguesa feita no Redondo, Alentejo, peça a peça”.

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Na coleção Crochet da Barru Pottery, a cerâmica é cozida com renda no forno, o que explica o efeito rendilhado. / © Ana Dias Ferreira/Observador

Saídos do elétrico 28, os turistas olham para as peças ao quilo e comentam que já viram as mesmas saladeiras no seu país de origem, mas ao triplo do preço. Os negócios vizinhos também já perceberam as vantagens de levar a cerâmica a enfrentar a balança. “Há restaurantes que se abastecem aqui, assim como chefs de cozinha e fotógrafos de produções de comida”, diz Mafalda, que não podia estar mais contente com a localização. “Escolhemos Campo de Ourique porque é uma zona que está a voltar a ter muitas lojas e novamente o espírito de comércio de rua. Estou aqui há pouco tempo e já me vêm dar alfaces.”

Nome: Companhia das Loiças
Morada: Rua Saraiva de Carvalho, 156, Lisboa (e também na Rua 9 de abril, 21 A, Torres Vedras)
Contacto: 92 5141488; info@companhiadasloicas.com
Horário: Segunda das 13h30 às 19h00; terça a sábado das 10h00 às 13h30 e das 14h30 às 19h00