O presidente da TAP anunciou esta segunda-feira a ausência de acordo com os pilotos e assegurou que todos os 20 pontos já acordados e aceites perdem a sua validade. Fernando Pinto garantiu ainda que Governo e TAP “concederam mais do que deveriam” e que as conversas deviam ter parado assim que foi anunciada a greve. A iniciativa terá um prejuízo a rondar os seis, sete milhões de euros por dia.

“Chegámos a acordo, mas depois apareceram itens adicionais, colocados por eles [sindicato dos pilotos], que também conseguimos acordar. Mas, no final, como é do conhecimento de todos, apareceram dois posicionamentos. Um com relação ao capital da TAP, um assunto de 1999, que só 190 pilotos no ativo têm interesse, num total de 800 pilotos. O outro ponto tem a ver com diuturnidades [acréscimo remuneratório alcançado em função da antiguidade]. (…) Queriam-no de uma forma retroativa, mas explicámos ao sindicato que não o poderíamos fazer, que era contra a lei”, explicou.

As declarações de Fernando Pinto parecem garantir a inevitabilidade da greve, que custará “um milhão de euros por dia só em cancelamentos”. E seis, sete milhões por “efeitos secundários antes e depois da greve”, pois é necessário voltar a conquistar uma parcela do mercado, explicou.

O Governo, ao contrário do que fez em dezembro, não acionou a requisição civil, ficando certa apenas a prestação dos requisitos mínimos, por decisão do Tribunal Arbitrário.

“DEVÍAMOS TER PARADO AS CONVERSAS ASSIM QUE FOI DECLARADA A GREVE”

“Dez dias de greve é algo extremamente crítico”, continuou. “Temos conversado com os pilotos e procurado sensibilizá-los. A iniciativa da empresa foi reunir com pilotos, tivemos várias reuniões. Hoje [segunda-feira] também com pilotos da Portugália, mostrando o outro lado da moeda, a outra face: qual é a realidade? Sabíamos que os pilotos tinham uma séria de informações que foram passadas nas assembleias que não eram reais.”

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Após reconhecer que teve “esperança” quanto ao desfecho de mais um episódio de greve na TAP, o tom mudou a seguir quando confrontado com as palavras do presidente do sindicato de pilotos, que falou em “intransigência” de Governo e TAP. “Não é uma informação correta. Tanto Governo como TAP concedemos e procurámos soluções efetivas, dentro da lei e as possíveis de fazer. Concedemos até mais do que devíamos”, garantiu. E, numa resposta a uma jornalista após a intervenção inicial, assumiu que a companhia aérea deveria “ter parado as conversas assim que foi declarada a greve”, isto porque “não faz sentido premiar um grupo [sindicato] que está a trazer fortes prejuízos”.

Fernando Pinto assume ainda otimismo quanto à resposta da companhia aérea, que espera ser mais efetiva do que a observada habitualmente nos requisitos mínimos. “Temos a certeza que teremos muitos pilotos que, sensibilizados pelo momento, irão pensar no cliente. Temos confirmações de pilotos que o vão fazer. Colocamos a decisão na consciência de cada um.”

Quanto aos passageiros afetados com a greve, que se estende por dez dias, o presidente da TAP não garante a devolução do dinheiro, mas sim a entrega de um voucher com um crédito para voltar a voar na empresa.