O secretário-geral da CGTP disse esta sexta-feira que a intenção anunciada pelo líder do PS de mexer nos escalões do IRS “faz sentido” mas sublinhou que a medida deve ser integrada num quadro de uma “verdadeira” reforma fiscal.

Arménio Carlos acrescentou que aquela proposta precisa também de ser “devidamente clarificada”, para se poder fazer as contas.

Na quarta-feira, o secretário-geral do PS, António Costa, admitiu mexer nos escalões do IRS para diminuir a carga fiscal sobre o trabalho, caso vença as legislativas deste ano.

“Vamos mexer nos escalões do IRS para alterar a progressividade. As medidas vão diminuir a carga fiscal sobre o trabalho”, afirmou António Costa em entrevista ao canal de televisão TVI.

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Segundo o líder socialista, o objetivo é criar um “sistema fiscal mais justo do que o que existe atualmente”.

“Essa proposta faz sentido, mas fará muito mais sentido quando for explicada. Não basta dizer que se alarga os escalões. Pode-se alargar os escalões que atualmente são de 5 para 6 e isso não chega, é curto. É preciso que a proposta seja devidamente clarificada e apresentada, para podermos fazer as contas”, reagiu hoje o líder da CGTP.

Arménio Carlos disse que aquela é uma reivindicação de há muito tempo da CGTP, mas que deve ser acompanhada de outras medidas, como a eliminação “imediata” da sobretaxa do IRS e o aumento da dedução à coleta, para que despesas da educação, da saúde e outras possam ser contabilizadas para efeitos de dedução.

Isto, acrescentou, a par de outras medidas para fazer maior taxação do capital, particularmente no que respeita às transações financeiras.

Arménio Carlos falava em Vila Nova de Famalicão, durante uma jornada de greve dos trabalhadores dos Transportes Nogueira.

Uma greve que o líder sindical aproveitou para, uma vez mais, denunciar a “selva” que diz viver-se no setor dos transportes de mercadorias, com os trabalhadores “permanentemente causticados e coagidos a desenvolverem a sua atividade profissional de acordo com os interesses económicos das grandes empresas”.

Uma situação que, alertou, “põe em causa” a segurança dos próprios motoristas e dos restantes utentes da estrada.