A TAP vai apresentar um plano de gestão de tesouraria para acomodar os efeitos da greve de dez dias realizada pelos pilotos e que terminou este domingo. Redução de custos e uma estratégia comercial mais agressiva, para aumentar a receita, serão as grandes linhas deste plano, reveladas esta segunda-feira em conferência de imprensa do ministro da Economia e do secretário de Estado dos Transportes.

Pires de Lima quantificou os prejuízos para a empresa em 35 milhões de euros, um efeito que “dificulta” ainda mais a gestão de tesouraria da TAP. A empresa vai apresentar um plano ao governo na próxima semana que permita minimizar as exigências de tesouraria até à concretização da privatização, revelou o ministro.

Sérgio Monteiro admite que esse plano passará pela minimização de custos e por uma estratégia comercial mais agressiva, assinalando que o nível de atividade da empresa não é o mesmo que se registava antes da paralisação. O secretário de Estado dos Transportes junta o efeito da paralisação de dez dias promovida pelo sindicato dos pilotos, com os custos dos problemas operacionais e dos protestos laborais registados no ano passado para chegar a um efeito total de 100 milhões de euros.

Os 35 milhões de euros de perdas para a TAP resultam da soma das receitas que a empresa deixou de receber com a venda dos bilhetes e o custo, estimado em 10 milhões de euros, com despesa de alojamento, refeição e encaminhamento dos passageiros afetados pela paralisação. Esta perda é quase metade da estimativa de prejuízos de 70 milhões de euros que chegou a ser adiantada pela administração da transportadora.

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Apesar da dimensão dos prejuízos para a empresa, o ministro da Economia defendeu que “nunca uma greve na TAP teve uma adesão tão baixa”. Em conferência de imprensa para fazer o balanço dos dez dias de greve promovida pelo sindicato dos pilotos, Pires de Lima refere que quase 70% dos voos programados foram realizados e mais de 80% das pessoas terão chegado ao seu destino. O grupo TAP realizou mais de 2000 voos, sendo que o número de voos assegurado para além dos serviços mínimos atingiu os 1739, segundo números revelados pelo ministro da Economia.

Depois de concluir que nunca uma greve a transportadora teve uma adesão tão baixa, Pires de Lima apela a que cada um tire as suas conclusões e aceite as consequências. Para o ministro é totalmente “impensável” que o país tenha de viver com a perspetiva de uma nova greve, hipótese que não foi excluída pela direcção do SPAC (Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil) na sexta-feira passada. “É tempo das pessoas caírem em si”, sublinha, considerando lamentável que os dirigentes do SPAC “se orgulhem do prejuízo” que provocaram à empresa. Para a TAP, o regresso à normalidade operacional será mais rápido do que reconquistar a confiança dos clientes.

O governo não avança dados sobre o impacto da greve na economia, realçando apenas que os efeitos se começaram a sentir antes da greve e ainda se fazem sentir.

Privatização prossegue

E a privatização? O processo de venda de 66% da companhia aérea é para continuar, reafirmaram os responsáveis pela pasta da Economia, defendendo que a operação é essencial para assegurar a sustentabilidade e recapitalização da TAP. E a greve assustou os interessados?

Para Pires de Lima, foi importante “para os potenciais investidores perceberem que a TAP voa”, mesmo com a greve dos pilotos. O ministro desvalorizou as notícias que dão conta da desistência do empresário Pais do Amaral. “Só pode desistir quem já fez uma proposta”. Os interessados têm até à meia-noite desta sexta-feira para entregar ofertas vinculativas.