É uma eleição em (quase) tudo semelhante à do Papa. Os 123 membros da Orquestra Filarmónica de Berlim reuniram-se à porta fechada na segunda-feira, sem qualquer contacto com o exterior, para eleger o sucessor do britânico Simon Rattle, atual maestro da Filarmónica de Berlim, para aquele que é um dos mais prestigiados cargos de topo da música clássica. Mas sem sucesso. Mais de 11 horas depois os músicos abandonavam a sala, sem sinais de fumo branco.

Simon Rattle, que ocupa o cargo desde 2002, já anunciou que só vai manter-se na posição até ao final do contrato, que termina dentro de três anos. Sem conseguirem chegar a bom porto na eleição que decorreu esta segunda-feira, os membros da Orquestra já afirmaram que pretendem continuar o processo da mesma forma, e fazer nova tentativa de eleição dentro de um ano.

À semelhança do que acontece com o processo de escolha do novo Papa, os 123 membros da Orquestra fecharam-se numa casa, nas proximidades da igreja de Jesus Cristo em Dahlem, Berlim, sem qualquer contacto com o mundo lá fora. Os telemóveis não eram permitidos.

O esquema é simples: primeiro os membros da orquestra votam no seu nome favorito entre uma lista de 30 maestros altamente qualificados, seguindo-se depois um período de discussão alargado sobre as restantes short lists, cada vez mais reduzidas até chegar a um top 2, onde o entendimento foi mais difícil. O nome tem de ser votado por larga maioria.

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O controverso maestro alemão Christian Thielemann, conhecido por privilegiar o repertório alemão e por ter simpatia com o movimento político de extrema-direita Pegida, era apontado como o favorito para alguns, enquanto para outros a escolha devia recair sobre Andris Nelsons, da Letónia, que é visto como a continuidade de Simon Rattle, pela sua abordagem mais contemporânea da música clássica.

Segundo a imprensa alemã, a tensão aumentava ao longo do dia à medida em que o anúncio do nome do futuro maestro era consecutivamente adiado. Ao fim de seis comunicações escritas dizendo que não havia acordo, começou a tornar-se claro que não ia haver qualquer decisão, escreve o jornal britânico The Guardian.

O atual maestro, Simon Rattle, anunciou já em janeiro de 2013 que iria abandonar o cargo quando o contrato acabasse, em 2018. A ideia é voltar para o Reino Unido para conduzir a Orquestra Sinfónica de Londres.