O novo livro do filósofo italiano Umberto Eco, “Número zero”, coloca questões sobre jornalismo e as novas plataformas digitais, escolhendo como cenário narrativo a redação de um jornal diário.

Estando o jornal, intitulado Amanhã, a lançar-se no mercado, há decisões que se têm de tomar, nomeadamente do foro editorial, e é nesta área que Eco preconiza algumas das suas reflexões.

“Esta obra de Umberto Eco torna-se, nesta vertente, numa espécie de ‘manual’ de decisões em que a qualidade do produto final está mais arredada das preocupações do que seria desejável”, adianta em comunicado a editora Gradiva, que chancela a obra.

“Sendo esta uma obra de ficção, a leitura que pode ser feita do que lá se escreve vai além da boa leitura que a narrativa proporciona”, acrescenta a editora portuguesa.

“Número zero” foi traduzido por Jorge Vaz de Carvalho e chega às livrarias portuguesas na terça-feira, anunciou a mesma fonte.

Um dos focos da narrativa é a vida política e como esta se torna um meio de suspeitas, rumores e maledicência.

Tal como em outras obras de ficção, Eco optou por um enredo de “suspense”, ao mesmo tempo que coloca questões sobre o papel dos ‘media’ tradicionais e como estes deviam debater os conteúdos difundidos pelos diversos formatos na rede global.

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“Poder e jornalismo associam-se aqui a teorias da conspiração. Um redator paranoico que anda pela [cidade de] Milão em que a história se passa, segue atrás de pistas que remontam ao fim da Segunda Guerra Mundial e, somando factos, chega a um complexo resultado que tem tudo para convencer”, adianta a Gradiva que prossegue: “Começa pelo cadáver de um pseudo-Mussolini e segue pelos meandros da política, envolvendo o Vaticano, a máfia, os juízes e os serviços secretos”.

O filósofo, semiótico e historiador Umberto Eco nasceu há 82 anos em Alessandria, no noroeste de Itália, na região do Piemonte.

Literariamente este professor jubilado da Universidade de Bolonha, no norte de Itália, estreou-se na ficção com o policial “O nome da rosa”, que lhe valeu o Prémio Strega, em 1981, ao qual se sucederam outros títulos, com grandes tiragens como “O Pêndulo de Foucault”, “A iIha do dia antes”, “Baudolino”, “A misteriosa chama da rainha Loana” e “O cemitério de Praga”,

Umberto Eco, que lecionou entre outras, nas universidades norte-americanas de Yale e Harvard, assim como no Collège de France, é autor de uma vasta bibliografia ensaísta, citando-se, entre outros, “O signo”, “Os limites da interpretação”, “Kant e o ornitorrinco” e “Como se faz uma tese em Ciências Humanas”, tendo dirigido e organizado obras como “História da beleza”, “História do feio” e “História das terras e dos lugares lendários”.