Desde os primórdios do jornalismo que os cartoons são uma das mais eficazes formas de comunicação, com representações sociais e com importantes (e aplaudidas) críticas. E se os cartoons ignorassem as minorias? Um estudo mostra que isso acontece com os cartoons da revista liberal norte-americana New Yorker.
A investigação, liderada por Matt J. Michel, analisou todos os cartoons publicados pela New Yorker em 2014. As conclusões não correspondem à expectativas criadas por uma das publicações mais liberais do pais. Os resultados foram publicados no jornal semi-satírico Proceedings of the Natural Institute of Science.
As mulheres e as minorias são pouco representadas
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A equipa de investigadores começou por analisar a etnia e o sexo das personagens dos cartoons. Em 1810 personagens, 1277 são homens, o que representa cerca de 70,6%, e 94,7% são brancos. A equipa de investigação conclui que as minorias são muito pouco representadas.
O estudo garante que, em caso de dúvida em relação à etnia, consideravam o personagem “não-branco”.
Mulheres na ciência? Não. As mulheres são representadas como mães, assistentes ou crianças.
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— Meta Wagner (@meta_wagner1) March 23, 2015
A equipa de Michel também analisou as ocupações e as características das personagens representadas nos cartoons de 2014. Mais uma vez, quando a ocupação ou as características não eram claras, os investigadores incluiram a personagem em questão na classificação de “Pessoa”.
As mulheres preenchiam desproporcionalmente os papéis de “pais”, “assistentes” ou “esposa” e raramente apareciam como cientistas, figuras literárias, treinadores ou polícias.
No que toca às ocupações, a New Yorker está longe dos números da vida real. Nos cartoons só 10% dos advogados eram mulheres, enquanto 33% dos membros do American Bar Association, uma das maiores associações de juristas e estudantes de Direito na América, são mulheres.
As mulheres cartonistas têm tendência para desenharem mulheres
Michel e a sua equipa conclui também que se a cartonista for mulher, é maior a tendência de desenhar personagens femininas.
26,6% dos homens cartonistas desenham mulheres. Mas quando são mulheres, 46,9% das personagens dos cartoons são femininas.
O líder do estudo referiu, satiricamente, que os estereótipos dos cartoons do New Yorker de 2014 obedeceram à “Lei dos Média: “a subrepresentação das minorias e das mulheres é a configuração padrão de qualquer meio de comunicação social”.