Uma cozinha de utilização simples, onde cozinhar se torna mais fácil. Foi este o objetivo da IDEO ao desenvolver a “cozinha do futuro”, um local onde os alimentos e a tecnologia se encontram. Em parceria com a IKEA e 50 alunos das universidades de Lund e de Eindhoven, a empresa inglesa de design procurou responder à pergunta “como será a nossa relação com a comida no futuro?“. A resposta está à vista.

Na apresentação do projeto em Milão, no norte de Itália, Geraint Edwards e Ed White da IDEO explicaram que o objetivo do projeto não era encontrar soluções, mas sim tentar compreender como nos iremos comportar em 2025 em relação à comida e à tecnologia. Para tal, foram criados três projetos, que pretendem ser uma abordagem futurista — mas simplista — do ato de cozinhar.

“A nossa cozinha torna-nos mais confiantes e ajuda” a ultrapassar os desafios do dia-a-dia no que diz respeito à comida. Para além disso, “reduz algumas das barreiras que impedem as pessoas de cozinhar”, referiu a IDEO num comunicado.

Um dos projetos é uma “despensa moderna”, que consiste numa série de prateleiras com várias “caixas” refrigeradoras. O espaço pode parecer limitado, mas a IDEO acredita que, no futuro, as pessoas não terão necessidade de guardar muitos alimentos em casa. “Achamos que a comida por encomenda vai ser mais comum, por isso as pessoas não irão armazenar tantos alimentos”, referiu Geraint Edwards na apresentação.

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Cada recipiente vem equipado com um autocolante RFI, que mantem os alimentos à temperatura ideal

Cada recipiente vem equipado com um autocolante RFI (identificação por radiofrequência), que permite manter cada alimento à temperatura ideal. Para além disso, permitem ainda ver tudo o que está guardado — sem exceção. A IDEO acredita que um dos motivos pelos quais se estraga tanta comida é o facto de as pessoas não conseguirem ver o que está guardado “na parte de trás do frigorífico”. “Não conseguimos ver a comida que temos, então deixamo-la estragar-se”, disse um dos designers da IDEO. Para além disso, ter os alimentos à mão faz com que se tenha uma melhor noção do que existe em casa, não sendo necessário ir à rua comprar comida com tanta frequência.

Uma outra inovação é um sistema de reciclagem de água, que faz uso da água usada no lavatório. A “cozinha do futuro” inclui ainda um sistema de reciclagem e de compostagem, que transforma as embalagens usadas em blocos compactos, que ocupam menos espaço no caixote do lixo. A água extraída é usada para regar as plantas.

A grande inovação é uma mesa interativa, que pretende tornar o ato de cozinhar muito mais fácil. O objetivo é incentivar as pessoas a serem mais criativas na cozinha, mas também a desperdiçarem menos comida. Aparentando ser uma simples mesa de madeira, a peça pode ser usada para muito mais do que preparar alimentos ou comer. A superfície, interativa, reconhece os alimentos e dá sugestões de receitas através de uma câmara e de um projetor. Bobinas de indução, colocadas sob a superfície da mesa, permitem cozinhar os alimentos.

“É uma cozinha que nunca grita”, refere a IKEO. “Não queremos sobrecarregá-la. Queremos que estejam ocupados com a vida e com as pessoas, e não a ser atrapalhados pela tecnologia”.

A “cozinha do futuro” pode ser visitada até outubro no IKEA Temporary, uma loja temporária no bairro de Tortona, em Milão. Em exposição estão também três cozinhas, criadas especialmente para a iniciativa pelos designers Matali Crasset, Paola Navone e Thomas Sandell.

 

O Observador viajou até Milão a convite da IKEA.