A Associação Académica de Lisboa (AAL) está sob Processo Especial de Revitalização (PER) para encontrar uma estratégia de pagamento aos credores e ultrapassar o passivo de cerca de 200 mil euros, mas que chegou a superar os 400 mil. A parte da dívida destinada à Câmara Municipal de Lisboa (CML), no valor de 50 mil euros, era para ter sido perdoada pelo socialista João Soares, na altura em que liderava a CML. Contudo, o perdão acabou por não acontecer após ter mudado o presidente da CML.
Esta dívida à CML, referiu Diogo Duarte à Lusa, o presidente da AAL, teria sido perdoada pelo executivo socialista de João Soares, mas, explicou, quando mudou o executivo camarário, por não haver “prova documental” desse perdão da dívida, os estudantes foram obrigados a assumir a dívida, que, no que diz respeito às rendas, tem um valor de 30 mil euros, sendo os restantes 20 mil respeitantes a juros de mora.
Em declarações à Lusa Diogo Duarte, disse que o PER está ativo desde 14 de maio e que foi a solução encontrada pela académica para assegurar a continuidade da organização estudantil, garantir liquidez à sua tesouraria e permitir qualquer atividade económica, uma vez que, devido ao passivo, as contas da AAL se encontravam penhoradas.
“O que pretendemos é revitalizar a AAL, que tem atravessado uma grande crise financeira ao longo dos últimos anos, recuperar as nossas contas, poder ter contas bancárias sem que sejam penhoradas e ter uma relação normal com os fornecedores”, disse Diogo Duarte.
Segundo o presidente da AAL, as dívidas aos fornecedores representam apenas uma parte residual do grosso da dívida atual. A maioria – 150 mil euros – é devida ao Porto de Lisboa, em cujos terrenos a académica tem atualmente a sua sede, e à Câmara Municipal de Lisboa.
Ao Porto de Lisboa os estudantes devem 100 mil euros pela utilização do espaço onde agora têm sede, e à CML outros 50 mil euros, relativos a rendas pela utilização do espaço de um edifício do Areeiro, onde funcionava a anterior sede da AAL.
As dívidas da AAL, explicou Diogo Duarte à Lusa, foram-se acumulando por falta de liquidez para fazer face inclusivamente a despesas correntes.
O administrador do PER, nomeado judicialmente, funcionará ao longo dos próximos meses como mediador entre os estudantes e os credores, de forma a encontrar uma estratégia de pagamento de dívidas que, para ser viável e aceite, tem de ter o aval da maioria dos credores.
Depois de formuladas as propostas pela AAL, a académica e os credores irão então sentar-se à mesa para discutir o plano de pagamento. Da CML, disse Diogo Duarte à Lusa, os estudantes esperam “boa vontade política”, para encontrar uma solução para os 50 mil euros em dívida.
O presidente da AAL afirmou que a académica “tem estado a reagir bem à situação de crise”, referindo que, de um passivo de mais de 400 mil euros em 2012, a organização passou para uma dívida que poderá já estar abaixo dos 200 mil euros, de acordo com as contas da direção.
As principais fontes de receita da AAL são os grandes eventos festivos destinados aos estudantes, como a receção ao caloiro ou a semana académica.
A última receção ao caloiro teve um lucro de 10 mil euros, e a semana académica obteve um lucro de cerca de 100 mil euros, “um resultado histórico”, segundo Diogo Duarte.