Há pessoas incapazes de se definir por um único interesse ou especialidade. É o caso do jornalista, escritor e crítico Bruce Sterling, norte-americano de 61 anos, com obra feita de diferentes artes: tem dez romances de ficção científica já publicados, faz crítica literária e de design, escreve artigos de opinião centrados em temáticas tão diversas como a política, globalização, música, tecnologia e internet. É colaborador da Wired, convidado habitual em programas de televisão e de rádio (ABC, MTV, BBC) e curador de exposições de arte e tecnologia nos Estados Unidos da América, Itália e Holanda.

Bruce Sterling, formado em jornalismo em 1976 na universidade de Austin, no Texas, é considerado um “visionário” pelas ideias peregrinas sobre o futuro. Ideias que transporta para os livros de ficção científica e que lhe valeram o título de “Chairman Bruce” na fundação do movimento cyberpunk. Defendeu que “o cyberpunk reflete uma nova perspectiva sobre a tecnologia, não apenas entre os criadores de ficção científica, mas também nos consumidores.”

O romancista tem uma dezena de romances publicados, mas foi a edição da antologia “Mirrorshades” (1988) o pontapé de arranque que colocou Bruce Sterling na frente visionária que viria a dar origem a três momentos importantes: “The Hacker Crackdown: Law And Disorder On The Electronic Frontier” (1993), onde investiga o passado, presente (à data) e futuro do crime informático; “Tomorrow Now: Envisioning the Next Fifty Years” (2003), um olhar futurista na fina linha entre ciência e ficção científica; e “Shaping Things” (2005), uma reflexão sobre a origem das coisas, desde objetos feitos à mão até às máquinas tecnologicamente mais complexas — e de como a sociedade está a perder a capacidade de criar novas ideias (objetos) de forma sustentável.

Stirling deixou também o seu dedo em vários projetos de crítica cultural que estão disponíveis na rede. Destacamos dois: O “Dead Media project” é um site dedicado a tecnologias mortas utilizadas pelos vários meios de comunicação ao longo das décadas; o Design Veridiano era um movimento estético e cultural que promovia a sustentabilidade através da tecnologia e do design e que foi extinto em 2012. A influência da tecnologia e do design está bem ilustrada nos posts que partilha no blogue brucesterling.tumblr.com, um espaço pessoal onde o termo “ilustração” alcança a verdadeira dimensão dos interesses de Bruce Sterling, como se pode ver neste repositório de ilustrações, fotografias e gráficos. A verdade é Sterling é um visionário não só pela sua capacidade de projetar futuros, mas pela solidez com que o faz. Tem escrito antes de quase todos sobre o que aí vem, como por exemplo em 2006 sobre a Internet das Coisas ou há dois anos sobre as cidades que teremos em 2050.

Bruce Sterling é um dos convidados da conferência Admirável Mundo Novo, organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, dia 12 de junho, no Porto. A conversa (o “Diálogo”) vai ser conduzido por Jake Bowers, professor e investigador de ciência política, estatística e supercomputação, na Universidade de Illinois (EUA).

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