Luís Filipe Vieira reuniu pela primeira vez com Rui Vitória na noite de quinta-feira, depois do jantar com deputados benfiquistas no restaurante ‘A Catedral’ no Estádio da Luz. O (ainda) treinador do V. Guimarães veio de carro do Norte para Lisboa para se encontrar com o presidente do clube encarnado e discutir a possibilidade de ser o substituto de Jesus à frente da equipa do Benfica. Durante esta sexta-feira estão previstas novas reuniões e se existir acordo é possível que o novo técnico seja apresentado e a contratação comunicada à CMVM.

O V. Guimarães confirmou a meio da tarde estar a negociar com o Benfica a transferência de Rui Vitória.

Esta é a notícia sobre o futuro técnico do Benfica. Já sobre o passado, Vieira deixou muitas revelações aos deputados que os jornalistas não puderam ouvir. O presidente encarnado fez primeiro um discurso curto para a comunicação social ouvir para, mais tarde, se alongar numa nova intervenção só para os convidados políticos. E, a estes, informou apenas que de facto estava à procura de um treinador com o perfil perto do de Rui Vitória e não de Marco Silva — “com experiência a trabalhar com jovens e sem obrigatoriedade de ter experiência de trabalhar num grande” –, para depois contar várias coisas sobre Jesus.

Histórias que alguns deputados presentes contaram ao Observador. Uma delas tem a ver com a renovação de Jesus. Segundo a versão de Vieira, foi proposta primeiro uma redução salarial ao técnico (o ordenado de Jesus rondaria na Luz os 4 milhões de euros por ano), que recusou, tendo depois havido uma segunda proposta para que, mantendo então o salário, reduzisse a despesa do plantel. Essa redução passaria por diminuir os 28/29 jogadores que os plantéis de Jesus tiveram nos últimos seis anos, para apenas 25 e com a obrigatoriedade de 5/6 deles virem da formação do clube.

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Mas a formação era, aliás, um dos grandes pontos de discórdia entre o treinador e o presidente. Para o demonstrar, Vieira contou vários episódios que, segundo ele, mostram o “desrespeito” que Jesus sempre demonstrou para com os jovens jogadores benfiquistas. “Jesus desconfiava de quem trabalhava com os mais novos”, disse Vieira, segundo alguns dos deputados presentes no jantar de quinta-feira. Uma desconfiança que o levaria a proibir o treinador da equipa B de assistir aos treinos da equipa A, orientados por ele, Jesus, e pelos seus adjuntos.  “Era tudo um grande secretismo”.

Vieira relatou ainda outro episódio elucidativo da sua tese. Segundo o presidente benfiquista, há dias uma das grandes promessas do Benfica, JP, estaria a almoçar com os pais no estádio quando se cruzaram com Jesus. Foram falar com o treinador da equipa principal, elogiando o filho e as suas potencialidades como jogador, ao que Jesus terá respondido: “Se é um grande jogador e eu não conheço, então não deve ser lá grande jogador”. Uma resposta que terá incomodado, além dos pais, vários presentes. Conclui Vieira aos deputados: “Foi uma total falta de respeito para com a formação”. O presidente, contudo, também assumiu algumas responsabilidades pelo facto de os jovens do Benfica “não sentirem que são parte do Benfica”.

Luís Filipe Vieira revelou ainda que no dia D, quarta-feira, Jesus não lhe atendeu o telefone e que ficou “desiludido, mas não surpreendido” com a decisão do treinador em ir para o Sporting pois havia ofertas de clubes estrangeiros para levar Jesus e este nunca mostrou interesse, perante essas possibilidades, em trabalhar fora de Portugal.

Fechado o capítulo treinadores, Vieira terá feito uma outra revelação importante. O Benfica estará a fazer a renumeração dos seus sócios, que podem reduzir de 270 para apenas 170 mil.