Começaram este domingo as primárias da plataforma Livre/Tempo de Avançar que irão escolher e ordenar os 385 candidatos para as legislativas. Na votação, que está a decorrer de norte a sul do país, já participaram 7.850 pessoas.
Os candidatos Rui Tavares e Ana Drago, que estiveram no Largo Luís de Camões, em Lisboa, onde foi instalada uma mesa de voto, salientaram o processo de votação que querem que dê lugar a uma “legislatura cidadã” e desvalorizaram a possibilidade de não serem eleitos para as listas.
“Era um nó górdio da nossa democracia, que excluía muitos portugueses da participação política. Todos podiam votar nas eleições, mas em escolhas que já estavam feitas. Desta vez, quem escolhe, quem decide, somos nós”, disse Rui Tavares aos jornalistas.
Rui Tavares frisou a “enorme responsabilidade pela promessa que estamos a fazer às pessoas” — de maior abertura, responsabilização e transparência. Desejando que a plataforma consiga eleger um “numeroso” grupo parlamentar, que “discuta as propostas legislativas, que participe no pensamento acerca das reformas que é preciso fazer em Portugal”, o candidato desvalorizou as sondagens divulgadas na sexta-feira, nas quais o Livre/Tempo de Avançar não aparece.
“As sondagens têm muitas dificuldades em identificar este tipo de movimentos”, respondeu, acrescentando que nas eleições europeias os 2% de votação alcançada pelo Livre também não teve expressão nas sondagens.
Ana Drago frisou que a plataforma está “a fazer política de uma forma diferente”. Para a candidata, essa diferença transparece na forma como “as pessoas sentem que aquilo que são e que as suas escolhas são levadas a sério”. “Isso percebeu-se na forma como nós votamos escolhas políticas na convenção cidadã de janeiro, e agora como abrimos as listas à participação dos cidadãos”, declarou a ex-deputada do Bloco de Esquerda aos jornalistas presentes no Largo Camões.
Os resultados das primárias deverão ser conhecidos no início da próxima semana, entre segunda e terça-feira. A demora deve-se à complexidade do apuramento de votos e ao facto de cada membro do Livre/Tempo de Avançar se puder candidatar a mais do um círculo eleitoral (no máximo a três). Ao Observador, fonte do Livre explicou que, no dia das eleições, cada candidato “constará e poderá ser votado em qualquer dos círculos por onde concorreu”. Porém, nas listas definitivas de candidatos, apenas constará num deles. “Se ficar colocado no círculo da sua primeira opção, desaparecerá dos outros mesmo que tenha tido boas votações neles. Se não ficar na primeira opção, continua na lista dos elegíveis para a segunda”, e assim sucessivamente.
Para além disso, será ainda ponderada a “paridade do género”. “O objetivo primeiro é uma lista totalmente paritária em todos os círculos”, com 50 por cento de homens e 50 por cento de mulheres, explicou a mesma fonte ao Observador.
Porém, alguns círculos podem não conseguir atingir esse objetivo. “Nesse caso, terá de se fazer uma compensação de forma a atingir, pelo menos, a paridade legal”. De acordo com a lei eleitoral, não pode haver mais do que dois candidatos seguidos do mesmo género. “Estes parâmetros fazem com que a ordenação final dos candidatos não seja apenas uma soma aritmética simples, pelo que os resultados terão de ser tratados e confirmados com tempo”, explicou a fonte do Livre.