1. Um wine brunch com vista para o Douro
Diz a tradição anglo-saxónica que a palavra brunch remete para um pequeno-almoço reforçado e tardio. Demorado, até. Mas há ligeiras alterações que devem ser feitas ao conceito consoante a paisagem em redor. Se ao fundo da mesa de refeição está o rio Douro, e a ladeá-la estão inúmeras vinhas, isso significa apenas uma coisa: este brunch, ao contrário de muitos outros, pede vinho.
Foi precisamente neste contexto (e envolvência) que surgiu a experiência Wine Brunch, estreada na Quinta do Pôpa no passado dia 1 de julho. O menu é sazonal e composto por propostas doces e salgadas, sempre emparelhadas com os vinhos da casa — é normal que à mesa cheguem crostini de requeijão com manjericão e mel ou espargos grelhados com presunto. Indispensáveis, e com presença obrigatória no prato, são os muitos queijos e enchidos que emprestam (boa) fama à região.
Mas antes de o visitante se sentar à mesa durante horas, numa degustação que se quer lenta, ele é convidado a conhecer a quinta gerida por Stéphane e Vanessa Ferreira, com passagens pela adega e pela garrafeira. De referir que a Quinta do Pôpa leva no nome a alcunha do avô dos dois irmãos, um homem que nasceu entre vinhas que não lhe pertenciam e que cresceu a sonhar ter um “pedacinho do Douro”. Não viveu para ver o projeto de família ganhar contornos bem reais, mas é continuamente recordado por quem ali trabalha.
O programa Wine Brunch foi criado para um mínimo de dez pessoas e exige reserva com uma antecedência mínima de oito dias. Preço: 38 euros por pessoa.
2. Provas de vinho numa ruína recuperada
Degustar petiscos e bebericar topos de gama é convite frequente em terras durienses e, neste caso, a repetição nunca é um desprazer. Na Quinta das Carvalhas, da Real Companhia Velha, é possível fazê-lo numa velha ruína recuperada, virada sobre o Douro e vizinha de inúmeros socalcos em tempos talhados pelo homem. O que antes foi uma antiga casa dos ex-proprietários do terreno envolvente (a Quinta das Carvalhas é composta por várias parcelas que foram sendo adquiridas ao longo dos anos), é hoje um conjunto de paredes sem tetos e janelas sem vidros que completam um cenário rústico q.b onde sabe bem… petiscar e beber.
Mas há mais do que aquilo que salta à primeira vista, até porque uma das divisões do que resta da habitação foi transformada num jardim interior, com direito a flores coloridas e a uma pequena fonte — no chão, cravado na madeira, está um percurso de água a fazer lembrar o rio Douro lá de fora.
Programa Ruin With a View: 38 euros por pessoa (5 euros para crianças entre os 4 e 11 anos); todos os dias a partir das 10h, mediante marcação.
3. A vindima aberta aos turistas
Apanhar a uva e selecioná-la são dois dos passos mais importantes em qualquer vindima. Por esse motivo, a atividade Harvest Experience — que arranca pela primeira vez em setembro na Quinta das Carvalhas — convida todo o turista a andar de papo para o ar a separar manualmente os cachos das vinhas. Do programa de festas fazem parte a lagarada, que ocupa os tradicionais lagares de granito, e um almoço que promete recarregar todas as energias gastas até ao momento, com a feijoada transmontana a ser protagonista de uma refeição regada ainda com uma trilogia de néctares de Baco (branco, tinto e Porto). E porque a vida não pode ser só trabalho, sobretudo em período de férias, o dia não termina sem antes se realizar uma prova de vinhos na loja da Quinta das Carvalhas, onde não faltam garrafas de todos os feitios e barris na forma de bancos e mesas.
Programa Harvest Experience: marcação obrigatória para grupos de 6 a 18 pessoas. Os preços ainda não foram definidos.
4. O novo barco para navegar o Douro
Mais do que ficar a conhecer as curvas e contracurvas que tão bem caracterizam o rio de alcatrão do Douro, a proposta é navegar pela estrada de água que banha as margens da região vinhateira. A empresa Douro à Vela surgiu em 2010, quando António Pinto fez do seu veleiro uma ferramenta de trabalho. De lá para cá, a embarcação tem sido protagonista de inúmeros passeios, sejam eles fixos ou ajustados à vontade dos turistas. Mas, a partir de agora, o veleiro vai dividir as atenções com a segunda embarcação que perfaz a pequena frota.
O EntreMargen’s, assim batizado por António Pinto, foi adquirido no ano passado mas data de 1962. Em tempos pertenceu à companhia Porto Ferreira e, garante o empresário que tem por hábito estar ao leme, foi o primeiro a fazer o cruzeiro das pontes do Porto, ainda no século XX. Em 14 metros de comprimento forrados a madeira cabem 18 pessoas (16 passageiros e 2 tripulantes) que podem almoçar ou jantar a bordo, durante o tempo desejado — há ainda programas que envolvem quintas produtoras de vinhos e restaurantes durienses. A novidade é tão recente que o barco ainda não fez a viagem inaugural, mas já aceita reservas.
Programas a partir de 25 euros a bordo do veleiro e desde 40 euros no EntreMargen’s.
5. Um hotel-escola à beira-rio
Desde meados de junho que a região goza de mais um hotel de luxo, o primeiro cinco estrelas de aplicação no país — além de servir os hóspedes, a unidade abre as portas a quem procura uma formação na hotelaria. Ao todo, o Douro Royal Valley conta com 70 quartos com vistas panorâmicas sobre o rio que, por estas bandas, não fica indiferente a ninguém. Mas da lista apostada em promover o bem-estar generalizado fazem ainda parte duas piscinas (exterior e interior), um spa e um campo de ténis para quem não tem medo de uma partida bem disputada. E a julgar pelos nomes de batismo tanto do restaurante como do bar — Palato D’Ouro e Ruby Bar –, a coisa promete.
O hotel situa-se no concelho de Baião, a cerca de 75 quilómetros da cidade do Porto e outros 45 da Régua, e está a escassos metros da estação de caminhos-de-ferro da Pala, parte integrante da linha do Douro. Mas se chegar ao destino de comboio é uma ideia que não o atrai, pode sempre fazer o mesmo percurso a bordo de um barco, graças ao cais de embarque de que o hotel dispõe.