Para encontrar uma instituição de ensino superior com taxa de desemprego inferior a 1% é preciso rumar às ilhas. A Universidade da Madeira (0,5%) e a Universidade dos Açores (0,6%) são as que apresentam as mais baixas taxas de desemprego, no conjunto das 32 instituições de ensino superior públicas. Mas no ranking dos 1o estabelecimentos com taxas de desemprego mais baixas, seis estão localizados em Lisboa (cinco na cidade e o outro no Estoril), de acordo com o documento enviado pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC) às instituições e a que o Observador teve acesso.
A verdade é que nos dados sobre o desemprego dos diplomados, a menor percentagem de desempregados licenciados encontra-se precisamente em Lisboa, o que pode dizer algo sobre a qualidade dos estabelecimentos de ensino da capital, mas põe sobretudo a nu a diferença de oportunidades de emprego de região para região, com claro privilégio para Lisboa e arredores e prejuízo para o norte e o interior de Portugal, onde se concentram os politécnicos com maiores taxas de desemprego registadas pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Mas atenção, porque em alguma destas instituições que garantem maior empregabilidade é difícil entrar, seja pelas médias que exigem, seja pela elevada concorrência. Aliás, os resultados da 1.ª fase de candidaturas de 2014/15 mostram que cinco das instituições que surgem mencionadas na tabela mais abaixo (top 10 da empregabilidade) tiveram uma procura maior do que a oferta. E foram elas: as escolas superiores de enfermagem do Porto e de Lisboa – na do Porto houve quase dois candidatos por vaga – o ISCTE, a Universidade Nova de Lisboa e a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.
E esta dinâmica fez com que, por exemplo, as Escolas Superiores de Enfermagem de Lisboa, Coimbra e Porto tivessem ficado logo no final da 1.ª fase de candidaturas de 2014/15 com as vagas todas preenchidas. Também a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, que abriu 430 vagas e à qual se candidataram 468 alunos, ficou praticamente lotada (409 vagas preenchidas). O mesmo para o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (93% das 1.122 vagas ocupadas), para a Nova (91% das 2.706) e para a Universidade de Lisboa (89% das 7.651 vagas).
Estes dados sobre o desemprego têm de ser lidos sempre com cautela, pois nem todos os desempregados estão inscritos em centros de emprego e, por outro lado, muitos podem estar a trabalhar em ofícios que nada têm que ver com a licenciatura (com ou sem mestrado integrado) que tiraram. Contudo, são estes os únicos dados que existem e é a partir deles que as instituições se baseiam para decidir a abertura de mais ou menos vagas.