O administrador executivo do Caixabank afirmou esta sexta-feira que o banco catalão está a analisar a sua posição estratégica como principal acionista do BPI e recordou que dois terços do capital do banco português queriam o sucesso da OPA lançada em fevereiro.
Em conferência de imprensa para apresentar os resultados semestrais do Caixabank, em Barcelona, Gonzalo Gortázar abordou a OPA lançada em fevereiro pelo banco catalão sobre os 55% do capital que não detém no BPI.
“A proposta foi objeto de diferentes considerações. Convocou-se uma assembleia de acionistas para ver se se aprovava a eliminação da limitação aos direitos de voto – uma condição que tínhamos imposto como lógica para tomar o controlo e aplicar um programa de sinergias. Recordo que dois terços do capital votaram a favor que se eliminasse a limitação dos direitos de voto”, disse o administrador executivo do Caixabank.
No entanto, recordou, “com as regras específicas nos estatutos do BPI isso não foi suficiente”.
“Não foi suficiente porque os nossos votos não contavam e tínhamos de chegar a 75% do capital. Dois terços do capital queriam ir por um caminho, mas isso não foi possível. E como não foi possível, naturalmente que o aceitamos”, realçou.
Por isso mesmo, acrescentou Gonzalo Gortázar, o Caixabank está agora a “rever as alternativas estratégicas” relativamente ao investimento no banco português.
“O que formos analisando em relação ao nosso investimento no BPI temos de o fazer de uma forma cuidadosa, que fica para nós, e não especular mais sobre o BPI. O banco acaba de apresentar bons resultados, tem uma boa posição – mas obviamente também tem coisas por fazer. Continuaremos a apoiar para que o BPI possa alcançar as suas metas e criar o máximo valor para os seus acionistas”, salientou o responsável do banco catalão.
No entanto, deixou uma ressalva: “Mas como disse, sobre a nossa posição vamos analisar as alternativas estratégicas e quando tivermos esse processo concluído atuaremos num sentido ou noutro”.
O Caixa Bank lançou a 17 de fevereiro uma OPA sobre a totalidade do capital do BPI a 1,329 euros por ação, um preço considerado baixo pela administração do banco português.
O banco colocou como condição essencial para a OPA a eliminação do limite dos direitos de voto” imposto ao banco catalão. Apesar de deter mais de 44 por cento das ações do BPI, os estatutos do banco português indicam que os catalães apenas tinham 20 por cento dos direitos de voto em assembleia-geral de acionistas.
Duas semanas depois, Isabel dos Santos avançou uma proposta alternativa de fusão entre o BPI e o BCP.
Os acionistas do BPI viriam a chumbar a desblindagem dos direitos de voto e o Caixabank desistiu da oferta a 18 de junho.