O cenário de uma eventual venda da participação do CaixaBank no BPI animou as ações do banco português, que fecharam esta segunda-feira com um ganho de 6,28% nos 1,016 euros. Segundo o jornal espanhol El Confidencial, a gestão do banco liderado por Fernando Ulrich estará a contar que o CaixaBank saia do capital, na sequência do fracasso da oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo banco catalão sobre o BPI.
Esta hipótese já tinha sido deixada em aberto na conferência de imprensa de apresentação dos resultados semestrais, onde Gonzalo Gortázar, administrador executivo, referiu que o CaixaBank estava a “rever as alternativas estratégicas” quanto ao investimento no banco português. A participação do CaixaBank no BPI, o mais antigo investimento do grupo catalão no mercado internacional, estava valorizada a 654 milhões de euros nas contas do primeiro semestre. Fonte oficial do BPI não comenta.
O El Confidencial, que cita “fontes financeiras”, admite que o comprador poderia ser um dos interessados na compra do Novo Banco que fique pelo caminho e refere explicitamente um investidor chinês. Esta referência remete para uma entrevista dada por Tiago Violas Ferreira em julho ao Diário Económico em que o administrador do grupo Violas, o maior acionista português do BPI, admitia a entrada de um novo acionista chinês. Violas Ferreira reconheceu também que vender, tudo, ou os 24% do capital que não têm direito de voto no BPI, é uma das opções do grupo catalão.
A decisão sobre a alienação do Novo Banco poderá vir a desencadear algum movimento por parte dos grupos que não forem escolhidos e que já têm investimentos em Portugal. Para além dos chineses da Fosun, também a Apollo, dona da Tranquilidade, poderia estar compradora de uma participação no setor bancário nacional.
O CaixaBank tem 44% do banco português, mas os seus direitos de voto estão limitados a 20%, pelo que a compra de toda a participação por apenas um investidor voltaria a confrontar-se com o limite ao exercício dos direitos de voto no BPI.
O fim do bloqueio aos direitos de voto foi a principal reivindicação da OPA do CaixaBank que foi chumbada em assembleia geral pelo segundo maior acionista do banco, os angolanos da Santoro. A holding de Isabel dos Santos propôs que, em alternativa, se estudasse uma fusão com o BCP, mas esta opção não teria, segundo o grupo catalão, viabilidade financeira. Fernando Ulrich já disse que a fusão não está na agenda da comissão executiva.
O fator angolano
O El Confidencial recorda a situação de bloqueio que se vive no terceiro maior banco português e que passa também por Angola, onde está a subsidiária que mais lucros trás ao BPI. De acordo com El Confidencial, a saída do CaixaBank poderia realizar-se nos próximos meses e terá como horizonte temporal o prazo dado pelo Banco Central Europeu para o BPI reduzir a sua exposição ao mercado bancário angolano.
Março de 2016 terá sido o prazo dado pelo BCE ao banco português para resolver a questão angolana. A alternativa seria um reforço substancial das almofadas de capital para acomodar o risco de Angola. E o banco catalão já deixou claro que o mercado angolano não está nas suas prioridades.
Atualizado com cotação do fecho das ações.