Utilizadores e não-utilizadores da Uber estão de acordo: o mercado português deve ter espaço para que serviços como o UberX ou UberBlack possam existir. A conclusão é de um estudo da Universidade Católica, que envolveu 600 inquiridos – 300 utilizadores e 300 não-utilizadores – e que foi divulgado esta segunda-feira.
Quando lhes foi perguntado se consideram que um serviço como o da Uber deve ser permitido em Portugal, 70,3% dos não-utilizadores responderam que sim e 98,7% dos utilizadores também. Apenas 8,7% dos não-utilizadores discordou.
No que diz respeito à confiança sobre a marca, não há dúvidas entre os utilizadores: mais de 97% dos utilizadores dizem que a marca inspira confiança. Já os não-utilizadores dividem-se: 36,3% concorda, mas 34,7% discorda e cerca de 29% não tem opinião.
Em comparação com o serviço de táxi, 94,7% dos utilizadores dizem que confiam mais nos serviços da Uber do que no de táxi, que os carros disponíveis no UberX e UberBlack têm maior conforto (95,7%) e que é mais barato andar de Uber do que de táxi (83,7%). Entre os não-utilizadores, as percentagens descem para 24%, 29,3% e 35,7% repetivamente.
O estudo concluiu que existe “uma entendimento bastante claro do que é a Uber e de qual é o modelo de negócio”, mesmo entre quem não utiliza o serviço. Nesta amostra, 78,7% dos inquiridos não-utilizadores entende que a Uber é uma plataforma tecnológica e apenas 5,7% pensa tratar-se de uma empresa de táxis.
Sobre se acham que o transporte remunerado em veículos ligeiros deve ser uma atividade exclusiva dos táxis, também não houve grandes dúvidas: 93% dos utilizadores discordaram que deveria e 77,7% dos não-utilizadores também. Apenas 15% concordou com a exclusividade.
Taxistas prestes a sair à rua
As conclusões chegam numa altura em que os taxistas estão prestes a sair à rua para protestar contra a Uber. Em abril de 2015, o Tribunal Civel de Lisboa aceitou o pedido de providência cautelar interposto pela Assoaciação Nacional dos Transportes em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) para impedir a Uber de operar no país. Mas a empresa apresentou recurso e mantém os serviços ativos, aguardando a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa.
A tecnológica norte-americana tem feito polémica um pouco por todo o mundo e em causa tem estado sobretudo o serviço que se assemelha a uma partilha de boleias, o UberPop, que não está disponível em Portugal. Por cá, a empresa continua a afirmar que trabalha dentro daquilo que é permitido pela lei, apesar de os taxistas discordarem.
No estudo divulgado esta segunda-feira, concluiu-se que 89,2% dos utilizadores diz que opta por este meio de transporte por causa do conforto das viagens e 36,7% dos não-utilizadores diz que não o faz por ter de partilhar informação sobre o seu cartão de crédito.
O estudo foi elaborado pelo Centro de Estudos Aplicados da Católica Lisbon School of Business and Economics entre 8 e 12 de julho de 2015, a pedido da Uber. Envolveu 150 utilizadores muito frequentes, 150 pouco frequentes e 300 não utilizadores para aferir a perceção dos consumidores portugueses em relação ao serviço prestado em Portugal.