A segunda-feira negra retirou 3,1 mil milhões de euros à bolsa portuguesa, o equivalente ao valor de mercado da Sonae e da Semapa juntas. Ou a três vezes o valor dos CTT. Lisboa acabou por fechar a sessão com prejuízos de 5,80%, o que representa a maior queda desde o dia 10 de outubro de 2008 (foi de 5,95%), auge da crise financeira. Na Europa ninguém escapou: perdas foram de cerca de 5%.
Dos 3,1 mil milhões que desapareceram da bolsa lisboeta nesta segunda-feira, a EDP, a Galp Energia e a Jerónimo Martins foram as empresas portuguesas que mais valor de mercado perderam, num total de 1,6 mil milhões de euros. No entanto, os líderes nas perdas foram o Banif com -10,34% e a Pharol (antiga PT SGPS) com -8,75%.
Mas tudo começou em Xangai. O epicentro da crise bolsista deu-se na China, que às 8h da manhã (hora de Lisboa) via a sessão fechar com prejuízos na ordem dos 8,49%, e as ondas de choque fizeram-se sentir em todo o mundo. Na Europa, a bolsa de Lisboa foi das que sentiu as maiores perdas, com o PSI 20 a afundar até 8,09% à hora de abertura de Wall Street (14h30 de Lisboa).
Esta perda intra-diária de 8,09% do PSI 20 às 14h30 foi a nona mais alta de sempre. A bolsa lisboeta começou, no entanto, a responder de forma mais positiva a partir daí e às 16h30, hora de fecho, o PSI 20 registava perdas de 5,80%.
Atrás do pico de Lisboa só mesmo a bolsa grega que, por volta das 14h45 de Lisboa, atingia um pico de perdas de 11,40%. A Grécia, aliás, registou o segundo prejuízo mais alto entre as 93 principais bolsas mundiais, ficando apenas atrás da Arábia Saudita, que teve prejuízos de 12,33%. Mas ninguém escapou ileso. Os efeitos do terramoto de Xangai passaram por toda a região da Ásia e Pacífico e chegaram rapidamente à Europa e aos Estados Unidos da América. O índice industrial Dow Jones fechou com uma quebra de 588 pontos depois de um dia de imensa agitação.
À hora de fecho da bolsa chinesa, a bolsa lisboeta começou por abrir com perdas na ordem dos 4,42%, tendo continuado sempre numa tendência de queda a pique até à hora de abertura de Wall Street. Nova Iorque abriu no vermelho mas bem menos pessimista do que as bolsas asiáticas, com perdas na ordem dos 0,29% no índice Standard & Poor’s 500, o que permitiu às principais praças europeias respirarem ligeiramente de alívio.
Apesar das oscilações, certo é que a queda histórica da bolsa chinesa teve repercussões por toda a Europa: em Frankfurt, o índice alemão DAX afundou 4,70%, sendo que as principais praças europeias, de Madrid, Londres, Paris a Milão, também abriram e fecharam no vermelho, com os respetivos índices a registarem perdas na ordem dos 5%.
O principal índice da praça espanhola, o IBEX, fechou com perdas superiores a 5,01%, enquanto o FTSE MIB (Itália) registou prejuízos na ordem dos 5,96%. Já em França as perdas foram de 5,35%. No Reino Unido, o FTSE 100 fechou com uma queda de 4,67%.
Pelo caminho, o euro valorizou – atingindo os 1,1578 contra o dólar, nível não visto desde janeiro. Em dias de instabilidade, os investidores estão a olhar para o euro como um terreno seguro, tendo também em conta a expectativa de que, nos EUA, a Fed acabe por subir as taxas de juro. Já o rublo caiu para mínimos de sempre — são precisos agora 67,12 rublos para equivaler a um dólar.
Sem surpresas, as bolsas em Nova Iorque negociaram também no vermelho, seguindo o percurso de fortes perdas das bolsas asiáticas e europeias, depois das ações em Xangai terem afundado mais de 8% e as matérias-primas terem caído acentuadamente.
O índice Dow Jones Industrial fechou a perder 3,6%, enquanto o Standard & Poor’s 500 recuava 3,8%. O índice tecnológico Nasdaq, por seu turno, fechou com perdas de 3,9%.