Christian Balivet, filho de mãe portuguesa e pai francês, não é o típico diretor criativo de um laboratório farmacêutico. Calha bem: a Biocol Labs, a empresa da família, também não é o típico laboratório farmacêutico. Antes de vestir a bata — e não o faz literalmente, foi só para a fotografia acima reproduzida — Christian trabalhou como publicitário. Em Londres, passou pela Crispin Porter + Bogusky, uma das melhores agências do mundo. Nessa altura, conta, não se via a trabalhar na empresa fundada pelo avô materno, Gualdim Redol, em 1976, especializada na suplementação à base de produtos naturais. “Tinha aversão a esta indústria do emagrecimento e dos drenantes.”

Mas até setembro de 2014, mês em que regressou a Portugal, muita coisa mudou. A crise obrigou a empresa a reduzir pessoal — “chegaram a trabalhar aqui 200 pessoas”, diz — e, mais que isso, a reinventar-se. Christian percebeu que por trás dos produtos da empresa havia boas convicções. “O problema é que não eram comunicadas”, explica.

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Christian junto aos destroços do armazém da Biocol, destruído por um incêndio em abril. (foto: © Gonçalo F. Santos)

Christian voltou então a Portugal com uma missão: fazer da Biocol a agência mais criativa do planeta. “Porque não unir cientistas e criativos? Não poderemos ser para o físico aquilo que o Google é para o digital?”, pergunta. Essa ambição representa aquilo que chama de provocative point of view. E representa, também, uma espécie de herança do pensamento crítico e inovador do avô. “Já nos anos 70 ele dizia que nem toda a gente devia beber leite ou que se devia abolir o bitoque porque ter arroz e batatas fritas juntos no mesmo prato não fazia sentido.”, conta.

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Um laboratório dentro do laboratório

A inovação trazida por Christian começou por se refletir na estrutura da empresa. Extinguiu-se o departamento de marketing e vendas — “o marketing só dá dores de cabeça”, justifica — e a Biocol passou a comunicar diretamente com os consumidores. Como? “Com conteúdos divertidos e que gostamos de criar. Afinal, o humor também é terapêutico.” E é. Mas por si só não resolve problema nenhum. Daí que a novidade mais importante tenha sido a criação de um laboratório — de ideias — dentro do laboratório convencional.

As possibilidades são infinitas: não queremos ficar só pelos produtos farmacêuticos. Porque não fazer cerveja com propriedades terapêuticas? Porque não desenvolver ténis com maior conectividade ao solo? Queremos criar uma sociedade pós-química.”

Christian usa o exemplo da série Breaking Bad. Mas não se chame já a polícia: a ideia não é criar metanfetaminas, antes aquilo a que chama “Breaking Good“: colocar o laboratório ao serviço do bem e das coisas boas. E se Breaking Bad tinha Walter White, a Biocol tem Ricardo Correia, o cientista encarregue de tornar possível num laboratório todas as ideias nascidas no outro.

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Ricardo Correia está para a Biocol como Walter White para ‘Breaking Bad’. Mas sem ilegalidades à mistura. (foto: © Gonçalo F. Santos)

Ricardo explica aquilo que fizeram com a algo®, a primeira linha terapêutica surgida desta nova Biocol. “Tem tudo a ver com a cronobiologia — cada órgão do nosso corpo funciona com o seu próprio relógio. Assim, ajustámos as doses e o horário da toma de acordo com o ritmo e necessidade específica do órgão a que se dirige.” Dito assim, até parece simples.

Mas, afinal, o que é a algo®?

Christian chama-lhe “um remédio para a confusão”. É uma linha terapêutica de suplementos criados à base de produtos naturais — uns mais convencionais, outros menos — que pretende, dizem, “corrigir desequilíbrios e ajudar a recuperar de excessos pontuais”. Mas a grande diferença em relação aos outros suplementos do mercado não está apenas na designação original nem no recurso à cronobiologia. A algo® dirige-se aos consumidores de forma direta em cada um dos seus produtos, com a finalidade descrita no próprio. Exemplos: algo para o atchim!, algo para quem anda cansado ou algo para a digestão. A informação essencial — a forma de tomar e a duração do tratamento — também está na caixa e não em bulas mais ilegíveis que contratos bancários.  São, no total, dez suplementos, a preços que variam entre os 9,90€ e os 17€.

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A linha terapêutica completa da algo®. (foto: DR)

Um incêndio no armazém da Biocol, em abril deste ano, levou grande parte do stock produzido até à altura, e logo na véspera da apresentação da marca. A apresentação foi adiada, mas não se perdeu o humor, como se pode aferir pela forma como a empresa decidiu usar a troca de clube de Jorge Jesus numa manobra publicitária. Logo após ter sido comunicada a contratação do ex-treinador do Benfica pelo Sporting Clube de Portugal, foram colocados dois outdoors junto ao estádio da Luz e Alvalade, cada um relativo a um suplemento diferente, adequado ao hipotético sentimento dos envolvidos no caso.

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E a algo® não é o único produto da Biocol atualmente no mercado. Também está disponível a linha sinto-me®, um programa que se destina ao emagrecimento em três etapas: controlar as emoções e a vontade de comer, reduzir o volume queimando gordura e, finalmente, manter os resultados. Também aqui a apresentação prima pela diferença, sendo fiel ao princípio de Christian que quer tornar a prateleira dos medicamentos “a mais bonita lá de casa”. Neste caso cada rótulo fala das emoções sentidas por quem passou pelas três fases do programa.

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O que o futuro trará é uma incógnita. Tanto pode ser uma cerveja artesanal que cura a ressaca, ténis que aproveitam a energia do solo de forma especial como outra coisa qualquer, completamente diferente. Para Christian, uma coisa é certa: “Nós já não queremos ser um laboratório de suplementos. Queremos ser um laboratório de convicções.” Ideias não faltam.

Nome: Biocol
Data: 1976
Pontos de venda: Farmácias e supermercados
Preços: 9,90€ a 17€ (algo®) / 19,90€ a 23,90€ (sinto-me®)

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